O brasileiro tem aumentado seus investimentos em stablecoins – criptomoedas vinculadas a ativos do mercado tradicional, como o dólar. Isso é demonstrado pela quarta edição do relatório Panorama Cripto na América Latina, produzido pela plataforma de serviços financeiros Bitso e publicado nesta segunda-feira (11).
As criptomoedas, denominadas “criptodolar”, corresponderam a 35% das transações de compra no Brasil no primeiro semestre de 2025. A informação indica progresso em comparação com a edição anterior do relatório, divulgada no início do ano, quando o percentual era de 26%. Dentre as stablecoins mais utilizadas na plataforma, destacam-se USDC (24%) e USDT (11%).
O aumento, observado também em outras plataformas com operação no Brasil, ocorre simultaneamente ao período em que o governo federal elevou as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
As stablecoins, por não serem reconhecidas como moedas cambiais pela legislação brasileira, são utilizadas por brasileiros como meio rápido e econômico para transferências financeiras internacionais.
Em 2025, contudo, o Banco Central iniciou uma discussão pública sobre a regulamentação de serviços com ativos virtuais no mercado de câmbio. Analistas estimam que a proposta pode modificar a interpretação vigente e possibilitar a incidência de IOF sobre essas operações no futuro.
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Preferência latino-americana
O crescimento do uso de stablecoins não se restringe ao Brasil. O relatório também aponta aumento nas compras dessas criptomoedas em países como Argentina, Colômbia e México – mercados em que a Bitso atua. Na América Latina, a participação das stablecoins atingiu 46% das transações no primeiro semestre, superando os 39% de 2024 e os 30% de 2023.
No Brasil, México e Colômbia, o USDC se destaca como o mais escolhido. Na Argentina, a preferência é pelo USDT, que representou 78% das transações no período.
O relatório também aponta que, na Argentina, a participação de stablecoins nas compras totais é o dobro da registrada nos demais países. “As condições de instabilidade econômica e uma preferência cultural pelo dólar ajudam a explicar essas diferenças”, diz o material.