A Cosan (CSAN3) apresentou resultados positivos no segundo semestre de 2025, superando as expectativas, enquanto a Raízen (RAIZ4) inicia sua recuperação
A Cosan apresentou resultados superiores ao previsto no segundo trimestre de 2025, ainda com declínios significativos.
Na quinta-feira (14), a Cosan (CSAN3) divulgou resultados ligeiramente superiores às previsões para o 2T25. Apesar da queda de 18% no EBITDA sob gestão, para R$ 6 bilhões, esse desempenho era esperado, considerando que a maioria das subsidiárias já havia apresentado seus resultados.
A performance positiva se manifestou na Moove, empresa de lubrificantes do grupo não listada, e na estabilização dos indicadores de alavancagem financeira da holding. Os executivos da Cosan indicaram que a companhia não tem intenção de participar do provável aumento de capital da sua subsidiária Raízen (RAIZ4), em linha com o plano de desalavancagem da holding.
Raízen: o Calcanhar de Aquiles começa a se recuperar
A Raízen registrou uma contração de 23% no EBITDA anual, para R$ 1,9 bilhão – ainda que com redução gradual na queda. O desempenho foi impactado pelo menor volume de processamento da cana, decorrente de condições climáticas que diminuíram a produtividade agrícola. Além disso, a manutenção programada da refinaria da Argentina também teve um efeito negativo. Esses impactos foram parcialmente amenizados pela expansão da distribuição no Brasil, tanto em volume quanto em margem.
É fundamental reconhecer os esforços da nova gestão da Raízen no processo de retomada operacional. As despesas gerais e administrativas diminuíram 20% em comparação com o ano anterior; e os investimentos foram reduzidos em 23% na mesma base. Com isso, a geração de caixa operacional foi reduzida em R$ 2 bilhões em relação ao segundo trimestre de 2025. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas a direção está correta.
Em relação ao endividamento, a situação permanece desafiadora. A Raízen encerrou o trimestre com R$ 49,2 bilhões em dívida líquida, o que corresponde a 4,5x o EBITDA gerado nos 12 meses anteriores. O aumento em relação aos 3,2x do trimestre anterior se deve à migração de linhas de capital de giro (R$ 11 bilhões) para dívidas bancárias de maior prazo, o que atenua a pressão de caixa no curto prazo, embora eleve o índice de endividamento.
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Adicionalmente, o consumo de R$ 6,8 bilhões em caixa livre também contribuiu para o aumento da alavancagem.
Diante da queima contínua de caixa da Raízen, o tempo é um fator crítico para o ajuste de sua estrutura de capital.
A empresa sinalizou estudos em andamento para um aumento de capital, o que aceleraria e diminuiria o risco de execução do processo de desalavancagem. Inicialmente, as ações da Cosan e da Raízen reagiram negativamente a essa mensagem; contudo, do ponto de vista da holding, acreditamos que a capitalização pode reduzir substancialmente o risco do ativo para a Cosan. Isso porque esta não deve participar da operação, a qual ficaria restrita ao aporte da Shell, potencialmente em conjunto com outro investidor estratégico. Nesse caso, a transação aceleraria a adequação do balanço da Raízen, que pode voltar a pagar dividendos à holding mais rápido — mesmo que a Cosan receba uma proporção menor destes após a diluição. Afinal, é melhor receber uma menor parcela de um fluxo positivo do que receber uma grande parte de nada.
Desempenho das demais áreas de negócios.
Os demais negócios da Cosan mantêm desempenho sólido.
A Rumo obteve EBITDA de R$ 2,3 bilhões no período, com crescimento anual de 6%. Esse resultado é atribuído à expansão de 4% no volume transportado e aos esforços de eficiência da empresa, que superaram a queda de 2% na tarifa média. A transportadora ferroviária investiu R$ 1,4 bilhão em expansão de capacidade e modernização de infraestrutura, com aumento anual de 21%.
A Compass registrou R$ 1,2 bilhão em EBITDA, representando um crescimento anual de 16% em bases comparáveis (excluindo o impacto tributário positivo do segundo semestre de 2024). Esse resultado se deve à expansão de 11% nos volumes de gás distribuídos, com uma composição mais lucrativa (residencial e comercial). Os investimentos totalizaram R$ 497 milhões (+11%), destinados à expansão da distribuição de gás.
A Moove apresentou um crescimento de 39% no EBITDA, em comparação com o ano anterior, atingindo R$ 505 milhões. Esse resultado está relacionado ao recebimento de indenizações de seguros decorrentes do incêndio na fábrica do Rio de Janeiro. A empresa inicia a retomada de seus volumes de produção, realocando parcialmente sua atividade industrial para a fábrica de São Paulo.
A Radar apresentou, por fim, um EBITDA de R$ 134 milhões, mantido em nível constante ao longo do ano. O resultado decorre tanto das receitas provenientes de arrendamento quanto da venda de uma propriedade rural no período.
Geração de caixa e alavancagem financeira
Apesar do prejuízo de R$ 946 milhões na última linha da Cosan, isso representa uma melhoria em comparação com o 1T25, sobretudo devido ao desempenho superior da Moove e da Rumo. Dessa forma, é possível identificar um avanço contínuo na operação do conglomerado.
A holding contabilizou R$ 598 milhões em recebimentos provenientes de dividendos e desinvestimentos, e utilizou R$ 611 milhões para quitar juros e despesas operacionais. O índice de cobertura de juros, que compara os dividendos recebidos com o custo da dívida, manteve-se praticamente constante em 1,2x. A dívida líquida também se manteve estável em R$ 17,5 bilhões. Esse foi o principal ponto positivo do resultado, sob nossa análise.
Antecipando o futuro.
Para a holding, observa-se que as maiores dificuldades em relação à alavancagem foram superadas, embora os indicadores da dívida possam apresentar variações em uma faixa limitada nos próximos trimestres. Há avanços construtivos com os diversos mecanismos de melhoria gradual da estrutura de capital da Cosan. Destacam-se, em particular, a venda de ativos (que podem gerar cerca de R$ 6 bilhões em 12 meses) e o reestruturamento da Raízen, que abrange não apenas a operação, mas também a venda de entre R$ 10 e 15 bilhões em ativos.
Mantendo um desconto de quase 50% na avaliação, mantemos o conselho de compra para a CSAN3, aguardando os resultados da desvalorização.
Fonte por: Empiricus