A expectativa de queda na taxa básica de juros nos EUA em setembro se intensifica após as investigações da CPI

Os novos dados de inflação e do mercado de trabalho, previstos para serem divulgados até setembro, fornecerão indicações mais precisas sobre as decisões…

12/08/2025 12:26

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O Índice CPI — a inflação do consumidor — dos EUA em julho apresentou resultados dentro das previsões do mercado e sem evidências de impactos relevantes nos preços domésticos decorrentes da política comercial implementada por Donald Trump. Dessa forma, fortaleceu-se a tese de que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) possuía fundamentos para reduzir a taxa de juros em sua reunião de setembro. A incerteza entre os economistas reside na possibilidade de o cenário atual se sustentar.

O índice de preços aumentou 0,2% no mês passado, após registrar um aumento de 0,3% em junho. Nos doze meses até julho, o índice avançou 2,7%, estando estável em relação a junho e ligeiramente inferior às projeções.

Para identificar tendências nos próximos meses, é necessário acompanhar linhas específicas de grupos de produtos e serviços. Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, por exemplo, observou um ponto de atenção: ao analisar o núcleo do CPI, que exclui energia e alimentos, o aumento nos preços dos serviços acelerou de 0,2% em junho para 0,4% em julho, demonstrando a persistência da inflação nesse segmento.

Os produtos industriais mantiveram a elevação observada no mês anterior (0,2%), com destaque para os preços de móveis (0,9%) e veículos usados (0,5%). Para Claudia, os dados indicam que as novas tarifas de importação implementadas por Trump ainda não exerceram um impacto relevante sobre a inflação nos Estados Unidos.

Ela acredita que isso ocorrerá nos próximos meses. Ainda que alguns países – como a China – tenham conseguido negociar uma redução temporária nas tarifas recíprocas nas últimas semanas, a alíquota média está elevada e bem acima do patamar de janeiro, antes do início do governo de Donald Trump.

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A inflação mais elevada pode representar um desafio para a política monetária. A economista do C6 Bank acredita que o Fed deve permanecer cauteloso. “Até o momento, mantemos a expectativa de que as taxas de juros permaneçam no nível atual, de 4,25% a 4,5%, até o final de 2025, mas reconhecemos que os dados do mercado de trabalho divulgados no início do mês aumentam as chances de uma flexibilização já na próxima reunião.”

Ela afirma que os novos dados de inflação e do mercado de trabalho, a serem divulgados em setembro, fornecerão indicações mais precisas sobre as decisões futuras do Fed em relação à política monetária.

Foco nos indicadores.

Andressa Durão, economista do ASA, também destaca que houve surpresas em direções opostas entre os setores no CPI. “Os serviços surpreenderam para cima, com as passagens aéreas finalmente voltando a subir após quedas desde fevereiro. Já os bens decepcionaram, com menor efeito tarifa no mês.”

Espera-se que as projeções do mercado para o IPC de julho, a ser divulgado no final do mês, sejam revisadas para baixo após a divulgação do IPP, que ocorrerá na quinta-feira. Além disso, o índice de preços de importação será publicado na sexta-feira.

Apesar do impacto persistente das revisões nas tarifas sobre a inflação nos próximos meses, os dados divulgados até o momento sustentam a previsão de que o Federal Reserve poderá começar a reduzir as taxas já em setembro. A decisão final dependerá da confirmação de um agravamento nos indicadores de emprego até a reunião, considerando que ainda será divulgado um novo indicador de inflação antes do encontro.

Segundo Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, os dados de julho apontam para impactos limitados das taxas cambiais, que é o principal foco de atenção dos economistas.

O mercado recebeu o dado de maneira positiva, com os índices futuros dos EUA em alta, sugerindo que o Fed poderá manter uma postura prudente, porém confirmando a expectativa de reduções na taxa de juros a partir de setembro, o que impulsiona o otimismo em relação a ativos de risco devido à sua atratividade e à previsão de um cenário econômico mais movimentado.

A leitura indica que a inflação está desacelerando de forma gradual, sem exigir uma mudança drástica na política monetária, mas diminuindo parte das preocupações com um cenário de estagflação.

Seema Shah, estrategista-chefe da Principal Asset Management, sustenta que, apesar do indicador anual de inflação básica ter atingido seu patamar mais elevado desde fevereiro, os números do CPI divulgados hoje não são expressivamente elevados o suficiente para impedir que o Federal Reserve (Fed) considere a possibilidade de diminuir as taxas de juros em setembro.

Existem alguns indicadores de que as taxas estão sendo repassadas aos preços ao consumidor, mas, neste momento, não são suficientes para acionar um alerta e evitar uma flexibilização na política monetária.

Seema ressalta que a preocupação do Fed é que, com a queda nos estoques, o aumento da inflação induzido pelas tarifas deverá crescer nos próximos meses, o que implica que as pressões inflacionárias provavelmente aumentarão justamente quando o Fed começa a retomar os cortes nas taxas.

O mercado reagiu positivamente ao indicador de inflação, indicando que o Fed poderá diminuir as taxas de juros no próximo mês; contudo, as decisões de corte em outubro, dezembro e períodos posteriores podem se tornar mais complexas.

Fonte por: InfoMoney

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