O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, considerou “total irracionalidade” ou uma provocação deliberada a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar os vistos de dois servidores brasileiros ligados ao programa Mais Médicos.
A decisão, comunicada pelo secretário de Estado Marco Rubio na quarta-feira (13), aumentou a tensão diplomática entre Brasília e Washington.
A total irracionalidade. Ou, pior, uma provocação à espera de uma reação que sirva de pretexto para ações ainda mais absurdas. Com que objetivo, sinceramente, não sei.
A punição recai sobre Mozart Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde e aliado do ministro Alexandre Padilha, e Alberto Kleiman, coordenador-geral da COP30 – conferência do clima que será realizada em novembro, em Belém (PA).
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De acordo com Washington, ambos trabalharam para possibilitar a participação de médicos cubanos no Mais Médicos, contornando sanções americanas contra o governo de Havana.
Escalada em ambiente planejado.
De acordo com apurou o jornal, na Casa Branca acredita-se que se busca provocar uma reação forte que sirva de justificativa para novas sanções, possivelmente mais severas.
Entre as hipóteses levantadas por auxiliares do presidente Lula, ainda sem definição, estão a expulsão do encarregado de negócios dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, ou a convocação da embaixadora brasileira em Washington, Maria Luiza Viotti.
Apesar das dificuldades, a tendência é manter o diálogo diplomático. Um assessor de alto escalão afirmou que Washington “estica o alcance”, porém o Brasil pretende responder com cautela para preservar os meios de negociação, principalmente no âmbito comercial, conforme noticiado pelo O Globo.
Capacidade restrita.
O Escobar, que assume a função de embaixadora substituindo Elizabeth Bagley desde janeiro, tem sido frequentemente chamado ao Itamaraty para receber manifestações formais. Desde o início da crise, já foi convocado quatro vezes, sendo a última na sexta-feira passada, após receber reclamações sobre ataques da embaixada americana ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nas redes sociais.
Em uma publicação, o governo dos EUA qualificou Moraes de “arquiteto da censura” e mencionou as sanções aplicadas contra ele com base na Lei Magnitsky, decretadas por Donald Trump. O governo brasileiro respondeu com “absoluto rejeitamento” às “reiteradas ingerências” de Washington e reiterou que a democracia brasileira “não se curvará a pressões”.
Fonte por: InfoMoney