Banco do Brasil (BBAS3): ações representam chance de investimento após queda acentuada nos resultados?

Analistas mantêm-se majoritariamente cautelosos, contudo, alguns identificam potencial para aquisições – a médio prazo.

15/08/2025 13:51

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A cotação da ação do Banco do Brasil (BBAS3) apresentou intensa volatilidade, com aberturas e fechamentos em momentos distintos, oscilando ao longo do dia na sexta-feira (15).

O resultado tão esperado, com queda de lucro de 60%, atingiu R$ 3,8 bilhões, acompanhado de sinais negativos, com números decepcionantes mesmo após revisões negativas para lucro e proventos nas últimas semanas, além de gerar questionamentos sobre se existem oportunidades após a recente queda dos ativos. No ano, as ações caem cerca de 15%.

A maioria dos analistas de mercado mantém recomendação neutra ou equivalente (manutenção ou equal weight, exposição em linha com a média) para os ativos, conforme aponta compilação da LSEG. De 11 casas que cobrem BBAS3, 3 recomendam compra, 7 recomendam manutenção e 1 recomenda venda.

A Ativa Research alterou a recomendação das ações, passando de compra para neutra, revisando o preço-alvo.

A equipe de análise da instituição destaca que a empresa obteve um desempenho muito aquém do esperado, sendo o principal problema o desempenho da carteira de crédito do agronegócio, que exibe resultados variáveis entre as culturas e, desde a implementação da Resolução CMN 4.966/21, tem demandado o aumento das provisões para perdas previstas.

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A Monte Bravo manteve recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 22,50 para BBAS3, um potencial de alta de 13% em relação ao último fechamento.

Com o resultado, o banco divulgou suas novas projeções para o ano – o que a companhia deveria ter apresentado com a divulgação dos números do 1T25. O BB revisou para baixo o lucro esperado para o ano, situando-se entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões (em comparação com R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões na projeção anterior), elevando a PDD para R$ 53-56 bilhões (em relação a R$ 38-42 bilhões). Na avaliação da casa, considerando as incertezas em relação à trajetória do crédito, elas parecem otimistas.

A instituição também decidiu reduzir a distribuição de dividendos, estabelecendo uma taxa de 30% sobre o lucro líquido, o que, na média das projeções de lucros, resultaria em um rendimento de dividendos entre 5,5% e 6,5%.

Para a Monte Bravo, o banco ainda não acelerou os investimentos, o que, em sua visão, deveria ter ocorrido.

As análises da instituição destacam que historicamente foram um dos grupos mais críticos em relação ao desempenho do Banco do Brasil, contudo, não previram que a deterioração ocorreria com essa velocidade. “Apesar disso, cometemos o erro de não expressarmos de forma mais contundente os impactos que estimávamos”, afirmou.

Portanto, atualmente o banco apresenta diversos fatores positivos. No entanto, há incertezas sobre a efetiva realização de suas projeções, mantendo-se a postura neutra em relação às ações do BB.

A Monte Bravo acredita que o banco possui potencial para recuperar seus resultados e alcançar um lucro na faixa de R$ 30-35 bilhões anualmente, o que tornaria os múltiplos atuais “muito descontados”. Contudo, observa que “não temos visto o banco tomando as medidas necessárias para acelerar essa retomada”.

Na teleconferência, a diretora executiva do BB, Tarciana Medeiros, destacou que o Banco do Brasil deverá apresentar um resultado impactado pela inadimplência no terceiro trimestre, devido às operações na carteira de crédito do agronegócio, com recuperação somente no final do ano.

XP, BTG Pactual, Morgan Stanley, JPMorgan, Goldman Sachs, Itaú BBA e Genial Investimentos estão entre as instituições que também realizam manutenção para os ativos BBAS3.

A XP destaca que a inadimplência seguiu impactando de forma relevante no segundo trimestre, e a previsão de que julho ainda se mantém sob pressão aumenta a incerteza em relação ao momento da retomada.

O BTG avalia que, com negociação em 0,63 vezes o último valor patrimonial, não visualiza motivos para otimismo com BBAS3, considerando que a deterioração dos resultados está vindo “de elevador”, enquanto a recuperação tende a “subir de escada”.

O JPMorgan, por sua vez, mantém uma postura neutra, avaliando que os ciclos de crédito tendem a ser mais longos. Para o Goldman Sachs, a nova projeção de lucro pode ajudar a ancorar as projeções, mas identificam riscos inerentes à execução. O Itaú BBA segue cauteloso, buscando maior visibilidade sobre as tendências de piora contínua da qualidade do crédito.

Compra tática

Em contrapartida, está Malek Zein, analista da Eleven Financial, que sugere a compra das ações do BB, ressaltando que se trata de uma perspectiva de médio prazo, e não de uma operação tática.

O analista considera que a projeção de lucro para 2025 é excessivamente otimista e difícil de ser alcançada, considerando que o resultado do segundo trimestre foi impulsionado por benefícios fiscais diferidos. A Eleven prevê um ano bastante negativo para o Banco do Brasil, possivelmente o pior nos últimos 20 anos em relação ao ROE (rentabilidade medida pelo retorno do patrimônio líquido).

Apesar do cenário desfavorável de curto prazo, Zein aponta que a cotação atual já reflete grande parte dos riscos, negociando historicamente abaixo de 0,7 vezes o valor patrimonial, o que geralmente representa um ponto de entrada atrativo.

A Eleven mantém a expectativa de que o banco alcance um retorno sobre o capital investido (ROI) superior ao custo de capital até meados de 2027.

Fonte por: InfoMoney

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