Bolívia avança para o segundo turno; a esquerda precisa deixar a Câmara

PDI e PLB governarão a Câmara dos Deputados, porém necessitarão de consensos.

19/08/2025 6:26

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Após as eleições gerais de domingo, 17, o Congresso da Bolívia teve uma configuração inédita. O partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS), que governou a Bolívia por 20 anos com Evo Morales e Luis Arce, não obteve representação no Senado nem na Câmara de Deputados, permitindo o surgimento de outras forças políticas e a formação de novas alianças.

Segundo informações da Captura Consulting SRL divulgadas pelo jornal boliviano El Deber, o Partido Democrata Cristão (PDC), liderado por Rodrigo Paz, obteve 15 cadeiras no Senado, fortalecendo sua posição como principal força legislativa. A Aliança Liberdade e Democracia (Libre), com Jorge Quiroga à frente, ficou em segundo lugar, alcançando 12 assentos, e a aliança Unidade, sob a liderança de Samuel Doria Medina, conquistou oito senadores.

Enquanto isso, Manfred Reyes Villa (APB-Súmate) obteve uma vaga, e o restante das forças políticas – incluindo o Movimento ao Socialismo (MAS) de Eduardo Del Castillo, a Aliança Popular de Andrés Rodríguez, a Força Popular de Jhonny Fernández e o ADN de Pavel Aracena – não alcançou representação no Senado.

A amostra utilizada foi composta por 567 seções eleitorais, abrangendo 131.786 eleitores aptos a votar. Segundo o El Deber, apesar de não serem resultados oficiais, os dados indicam um cenário preliminar do equilíbrio de poder no Senado, onde o partido MAS não participou, algo inédito em muitos anos.

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Na nova composição, o bloco de apoio a Rodrigo Paz, com predominância parlamentar, detém o poder de indicar o próximo presidente do Senado. Contudo, os dados indicam que nenhum partido assegura a aprovação de leis, visto que, em certas situações, é exigida maioria simples e, em outras, dois terços dos votos.

Dessa maneira, para assegurar a governabilidade, o PDC deverá estabelecer consensos com outros grupos.

PDC e Livre Entrarão em contato com a Câmara dos Deputados, mas necessitam de acordos.

A conjuntura política na Câmara dos Deputados da Bolívia também sofreu uma mudança significativa. O MAS, que possuía a maioria, não dispõe de nenhum representante, enquanto o PDC obteve 51 assentos e a Aliança Livre, 43, conforme informações do El Deber.

Nenhum partido atingiu a maioria absoluta de 66 cadeiras, muito menos os dois terços necessários para reformas mais profundas. Dessa forma, a governabilidade também dependerá de acordos parlamentares.

A Bolívia se prepara para realizar, em 19 de outubro, o segundo turno das eleições, no qual disputarão a presidência os candidatos que venceram a primeira etapa, Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), e Jorge Quiroga, da Aliança Livre.

O Tribunal Superior Eleitoral deverá formalizar a convocatória em 31 de agosto, iniciando o cronograma de sorteio de jurados, propaganda eleitoral e a organização das seções eleitorais.

A falta do MAS, que por muito tempo controlou o cenário político, inaugura uma nova fase no país caracterizada por fragmentação e acordos obrigatórios, ao mesmo tempo em que a Bolívia se prepara para eleger seu próximo presidente em uma segunda votação crucial.

Fonte por: InfoMoney

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