O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, declarou que o governo brasileiro mantém os canais de diálogo com os Estados Unidos para discutir a questão do tarifamento, porém não tolerará ataques ao Poder Judiciário.
Ele afirma que existe uma estratégia internacional para fortalecer a extrema-direita, incluindo as recentes ações de Washington.
“Nossa parte, os canais permanecem abertos. Contudo, não há facilidade em contatar os responsáveis pelas decisões nos Estados Unidos”, afirmou Amorim, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira (11).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comunicou que a reunião marcada para quarta-feira (13) com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, foi cancelada e sem nova data. O ministro justificou o cancelamento devido à atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que reside nos EUA e articula sanções contra autoridades brasileiras.
Para Amorim, é necessário que haja disposição dos dois lados para negociar. “Mas é preciso que os dois queiram negociar”, afirmou. Ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva, ele avalia que o cenário internacional atual é o mais complexo que já vivenciou, com tensões comerciais, as guerras no Leste Europeu e no Oriente Médio e a postura do presidente Donald Trump.
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Ao anunciar a tarifação, em 9 de julho, Trump mencionou as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o processo contra Jair Bolsonaro como justificativas para a medida. O pacote de retaliações incluiu a suspensão de vistos de oito ministros da Corte e a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes, impondo sanções financeiras.
Amorim vê relação entre as sanções e o ex-presidente, mas diz que o fator Bolsonaro não explica tudo. “Há desejo da extrema-direita dos EUA, dirigida pelo Steve Bannon, de realmente desestabilizar o Brasil. Temos que estar cientes disso”, afirmou.
O assessor classificou como “inaceitáveis” as declarações de integrantes do governo norte-americano com ameaças a autoridades brasileiras. “Eu até me pergunto se são inaceitáveis de propósito para provocar uma ação mais radical e justificar uma escalada da parte deles”.
Fonte por: InfoMoney