Com cidadãos brasileiros na Rússia acusando golpe e desvio de salários de militares, informa a TV

Indivíduos afetados afirmam que assinaturas foram obtidas por meio de um processo de inscrição fraudulento.

15/08/2025 10:20

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Ao menos cinco soldados brasileiros e de outros países da América do Sul denunciam dois colegas de nacionalidade brasileira por aplicar fraudes financeiras em recrutas que viajaram para a Rússia em apoio ao conflito contra a Ucrânia.

Arthur Michel e Antônio Neto utilizavam redes sociais para captar interessados no alistamento militar, conforme informações da CNN.

De acordo com as denúncias, os soldados que chegavam ao país por meios próprios recebiam da dupla assistência na tradução de documentos e nos procedimentos burocráticos. Contudo, um dos papéis apresentados seria uma procuração que possibilitava o acesso às contas bancárias dos militares, documento que, segundo as vítimas, era apresentado como um exame psicológico admissional.

Após o início das missões, foram registrados saques e movimentações não autorizadas. Um dos soldados relata ter perdido cerca de 1 milhão de rublos (R$ 60 mil). O pagamento a um combatente estrangeiro no Exército russo pode atingir R$ 350 mil, incluindo bônus de alistamento e salário.

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Relatos de sequestro e fuga

Em entrevista à rede de TV, Fernando Mazzo, que chegou à Rússia em fevereiro de 2025, relata que tentou cancelar o contrato após perceber o golpe, mas foi ameaçado de acusação por rescisão.

Durante o período de descanso, afirma ter permanecido em um hotel em São Petersburgo e sido impedido de deixar o local. “Arranquei o vidro do quarto e escapei pela saída de emergência. Dormi na rua até conseguir regularizar minha saída”, relata.

Outro brasileiro, que se encontra ainda na Rússia, alega ter assinado a petição sem compreender o conteúdo, devido à falta de acesso a tradutores e ao celular durante o processo. Ele estima um prejuízo de 800 mil rublos e informa que já acionou advogado especializado em direito militar no país.

Um dos soldados, ferido por estilhaços após ataque de drone, sofreu perda de movimento no pé direito e relata que a situação financeira o prejudica na concentração durante o combate.

Já Helade Medeiros, mãe de um militar desaparecido desde junho, relata ter recebido informações de que seu filho também foi vítima da dupla.

A defesa dos acusados.

Antônio Neto, que se apresenta como médico residente na Rússia há 11 anos, nega as acusações e afirma que trabalhou unicamente como tradutor.

“Isso é um absurdo. Há inimigos espalhando mentiras, e meus advogados já estão tomando providências”, declarou à CNN. Arthur Michel também nega irregularidades e afirma que todo o processo foi conduzido “dentro do Exército russo” e sem cobrança de valores.

O Ministério das Relações Exteriores, em nota, comunicou que as embaixadas brasileiras em Kiev e Moscou estão à disposição para assistência consular, por meio de solicitação do cidadão ou de familiares, e que a atuação segue a legislação nacional e internacional.

Fonte por: InfoMoney

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