Comissão Parlamentar Investigativa do INSS: oposição resiste e grande parte busca proteger o Palácio e pode impedir uma apuração

A mesa diretora será empossada na quarta-feira e 27 das 30 cadeiras de titulares estão preenchidas, sendo que apenas oito possuem oposição a Lula.

20/08/2025 8:57

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A oposição busca empregar a CPI do INSS para pressionar o governo e gerar desgaste no Palácio do Planalto, enquanto a base pretende utilizar a maioria no colegiado para proteger o Executivo e impedir investigações.

O comitê será instalado nesta quarta-feira e foi criado para investigar fraudes em descontos indevidos em aposentadorias e pensões. O esquema pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,4 bilhões, conforme as apurações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU).

A concordância de forças na comissão demonstra uma vantagem para a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, diminuindo a margem de atuação da oposição.

O comitê será composto por 15 senadores e 15 deputados. Até o momento, 27 vagas de titulares já foram preenchidas: apenas oito com nomes da oposição. Entre os senadores, quatro são opositores. Entre os deputados, o quadro é semelhante. No comando da comissão, as indicações ficaram com parlamentares de confiança dos presidentes das duas Casas. O senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado de Davi Alcolumbre (União-AP) e de Lula, presidirá o colegiado, enquanto a relatoria coube ao deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), próximo de Hugo Motta (Republicanos-PB).

A estratégia do governo deve ser ligar as fraudes a gestões anteriores, em especial ao período do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Senadores e deputados do PT, como Paulo Pimenta (RS), Alencar Santana (SP), Rogério Carvalho (SE) e Fabiano Contarato (ES), compõem a equipe de choque no Palácio dentro da comissão e buscarão essa associação.

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Podem ser consideradas como alternativas o convôo do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, do atual titular do cargo, Wolney Queiroz, bem como do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do ex-diretor do instituto, Alessandro Stefanutto.

Há também uma pressão de bolsonaristas para incriminar um dos irmãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Frei Chico, que está ligado ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das entidades mencionadas em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) que apontou possíveis fraudes nos descontos de aposentados. Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega qualquer irregularidade.

A oposição denuncia que a base governamental busca proteger o governo. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) considera que a CPI já nasce com pouca força.

Se houvesse dependido do relator e do presidente, não haveria comissão, já que eles não assinaram a abertura.

O senador Cleitinho (Republicanos-MG) apresentou um tom parecido, exigindo imparcialidade.

Cite quem for necessário ser citado. Quem cometeu alguma irregularidade deve responder, em qualquer governo, como Bolsonaro, Lula, Dilma ou Temer. Portanto, tanto o relator quanto o presidente não devem ignorar ninguém.

No GLOBO, o relator Ricardo Ayres defendeu que terá atuação independente e explicou a decisão de não assinar o pedido de abertura da CPI.

“Não assinei devido a uma questão de cautela institucional. Isso não significa que considere o tema menos importante. Pelo contrário: contribui para que eu conduza o trabalho com imparcialidade”, afirmou Ayres, acrescentando que “todos que foram citados” serão incluídos.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) reiterou que o governo não teme os desdobramentos da investigação.

Não estamos preocupados, pois uma CPI oferece a chance de evidenciar quando isso teve início. Essa questão do INSS remonta a muito tempo.

Fonte por: InfoMoney

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