Considerando um período de estagnação nas negociações entre Brasil e Estados Unidos acerca da tarifação, a Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do país, está investindo em canais de comunicação diretamente com os clientes americanos, incluindo a rede Starbucks.
Nas próximas semanas, uma delegação da cooperativa, a maior exportadora de café arábica brasileiro, realizará visitas a países na Ásia, incluindo a China, com o objetivo de identificar novos compradores. As informações foram comunicadas aos produtores rurais pelo presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, durante a sétima edição do Fórum Café e Clima, organizada pela cooperativa.
A Cooxupé mantém contato direto com os clientes no exterior, incluindo o Starbucks. O aspecto comercial tem sido bem desenvolvido. O que está faltando, e não quero entrar em mérito político, é a ação para o diálogo. Divergências se resolvem conversando. Não pode haver inércia em temas fortes, como este.
Do total de 25 milhões de sacas consumidas nos EUA no ano passado, o Brasil exportou 8,1 milhões. Deste total, entre 1,5 milhão e 1,8 milhão foi proveniente da Cooxupé.
Melo declarou que a cooperativa continuará a fornecer café para os Estados Unidos, ademais informando que a entidade planeja uma viagem à Ásia com o objetivo de identificar novos mercados.
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Acredito que jamais interrompiremos o comércio com os Estados Unidos. Contudo, se surgirem dificuldades, estamos tomando as devidas medidas. Temos pessoas que não apenas para a China, mas para outros países da Ásia onde o consumo é crescente, disse aos cafeicultores nesta quinta-feira (14).
De acordo com Osvaldo Bachião Filho, vice-presidente da Cooxupé, o consumidor norte-americano ainda não experimentou os impactos do reajuste de tarifas devido ao consumo de café adquirido em maio.
Para nós, produtores de café arábica, isso certamente impacta, pois é muito difícil ter outro cliente que pague o mesmo valor, e em dia, como o americano faz.
Clima “relativamente favorável”.
O evento concentrou-se nas projeções sobre como o clima poderá afetar, nos próximos anos, a produtividade nas áreas de atuação da Cooxupé – Sul de Minas, Cerrado mineiro, Matas de Minas e média mogiana, em São Paulo.
Para Marco Antônio dos Santos, agrônomo da Rural Clima, é provável que na próxima safra ocorra o fenômeno La Niña, porém em uma intensidade moderada.
Este ano, o cenário é relativamente promissor, bem diferente de 2024. O frio não é atípico, é normal fazer frio em julho e agosto. Nós estamos desacostumados. E neste ano não estamos tendo déficit hídrico.
Com a La Niña se intensificando entre outubro e novembro, pode haver curtos períodos de seca no verão, ele afirma, “mas nada tão forte quanto no ano passado”, quando a lavoura de café ficou mais de 150 dias sem chuvas significativas.
Este ano, tudo aponta para que o verão volte a ser bastante chuvoso, com regularidade. As chuvas começarão entre 10 e 20 de setembro, e se estabelecerão. Isso favorecerá a produção do café, afirmou.
Qual é menos prejudicial entre El Niño e La Niña?
Santos não descarta o risco de novas geadas com a chegada de massas de ar polar em setembro e outubro, e há também risco de chuvas de granizo.
Prevê-se que para 2026 ocorra o retorno da frequência de El Niño, ocasionando um outono e um inverno mais quentes, semelhante a 2023: “Para o próximo ano, será difícil manter a continuidade das chuvas que estamos experimentando”.
Ao ser perguntado por José Donizete Alves, professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), sobre a escolha entre El Niño e La Niña, Santos preferiu a última. Em geral, nos anos de La Niña as safras brasileiras, não apenas de café, apresentam produção mais elevada. Já nos anos de El Niño, há mais ocorrência de quebra de safra, devido ao excesso ou à falta de água. Os El Niños foram mais intensos nos últimos 20 anos.
Fonte por: InfoMoney