O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), tem perdido força, sendo um dos cotados no MDB para uma possível vaga de vice na chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. Anteriormente visto como um trunfo para a candidatura, a organização da COP30, prevista para novembro, tornou-se um entrave devido aos problemas de logística, sobretudo em relação à hospedagem.
Com forte influência familiar no partido e no governo, o paraense busca, em conjunto com os ministros dos Transportes, Renan Filho, e do Planejamento, Simone Tebet, a tríade de emedebistas considerados como potenciais nomes para a chapa caso o atual presidente, Geraldo Alckmin (PSB), não esteja na disputa. A aliados, Helder nega ter ambições de ser vice e declara que seu objetivo é concorrer ao Senado.
Alckmin ainda é considerado um forte candidato à vaga, mas a possibilidade de um apoio do MDB a Lula, com a indicação de um vice, foi discutida em uma reunião do presidente com lideranças do partido na semana passada. Estiveram no encontro Renan Filho; o ministro das Cidades, Jader Filho; o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM); e o líder da sigla na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).
De acordo com dois participantes, Lula considerou a hipótese de Alckmin concorrer ao governo de São Paulo e afirmou que o vice ideal seria alguém com o perfil de José Alencar, que esteve ao seu lado nos dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010.
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Nas negociações do MDB, lideranças partidárias manifestaram, em particular, que, considerando a oposição da maioria das diretorias do partido no Sul, Sudeste e Centro-Oeste a uma nova aliança com Lula, o presidente asseguraria o apoio partidário somente se o vice-presidencial fosse ocupado por um representante do PSD. O PSB, por outro lado, tem defendido que o ex-governador paulista mantenha o cargo.
A posição é bastante desejada, considerando que o titular seria considerado herdeiro natural de Lula, em caso de vitória na eleição de 2026.
Grande influência
Recentemente, Helder era considerado o nome mais proeminente do MDB para uma possível vice, em grande parte devido à sua influência dentro do partido. A família Barbalho lidera o diretório estadual da sigla no Pará, que atualmente possui o maior número de delegados habilitados a votar na convenção partidária, seguido apenas por São Paulo. O estatuto do partido dá ênfase, sobretudo, ao número de deputados eleitos – dos 43 deputados da bancada do MDB na Câmara, nove são do Pará.
A COP30 é considerada uma vitrine eleitoral para Helder Barbalho, porém, atualmente é vista como uma situação delicada, sobretudo devido aos problemas de infraestrutura na capital paraense, em especial na rede hoteleira. Adicionalmente, em março, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um inquérito para investigar o deputado federal Antônio Doido (MDP-PA), aliado da família Barbalho e suspeito de desvio de recursos de contratos públicos do governo do Pará. O parlamentar nega as acusações.
Uma das licitações sob investigação é a referente a obras no Canal do Bengui, em Belém, com um custo estimado de R$ 142 milhões. O governo do Pará a incluiu como um dos projetos previstos na COP30. A administração estadual afirma que a licitação investigada foi “concluída antes de ser executada” e “não houve quaisquer pagamentos” às empresas suspeitas nesse processo.
Na sessão da Câmara, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que, nas edições anteriores, os custos de hospedagem duplicavam ou triplicavam nas datas do evento. No Pará, essa elevação pode chegar a 15 vezes.
Os assessores de Helder Barbalho afirmam que o governador não tem planos de ser vice de Lula e que sua intenção é concorrer a uma das vagas no Senado pelo Pará, substituindo seu pai, Jader Barbalho. As prioridades de Helder, segundo interlocutores, são entregar uma COP bem-sucedida e eleger como governadora sua vice, Hana Ghassan (MDB). Um aliado próximo ao governador diz que qualquer chance de ocupar a vice só ocorreria se o favoritismo de Hana fosse evidente na disputa eleitoral.
Renan Filho, apontado como possível vice de Lula, tem declarado a integrantes da chapa que deixará o cargo de ministro em abril para estar à disposição do partido. Atualmente, seu nome é cotado para concorrer ao governo de Alagoas, embora aliados sugiram que, caso Renan assuma o vice de Lula, o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, poderia disputar o governo estadual.
Uma possível resistência do MDB do Pará ao nome de Renan Filho é considerada um obstáculo para o político alagoano.
Sinais para o eleitor
Tebet também é mencionada por ederistas como uma possibilidade, ainda que a ministra relate a assessores que não se considera a principal candidata. Na semana passada, ao falar ao lado de Lula e de outros ministros (incluindo Renan Filho) em uma cerimônia de lançamento de obras para uma ponte entre Brasil e Bolívia, em Rondônia, Tebet indicou publicamente uma candidatura para 2026.
Tentaram promover um golpe e invadir o Congresso Nacional de dentro para fora. Nesta semana tentaram dar um golpe na democracia de dentro para fora. Eu, que nem sabia se deveria ou nã o ser candidata a alguma coisa, saio daqui energizada porque sei que hoje a democracia ainda exige de todos nós a eterna vigilância.
A fala de interlocutores da ministra indica que seu nome ganharia força considerável na disputa pela vice-presidência caso Michelle Bolsonaro concorresse à Presidência em apoio ao bolsonarismo, representando um gesto de Lula para o eleitorado feminino.
O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), declara que a bancada do partido, composta por 12 parlamentares, demonstra inclinação a apoiar Lula, porém o alinhamento com o presidente “não é automático e requer construção”.
Na reunião com o presidente Lula, não reivindicamos, nem ele ofereceu, o cargo de vice. O cargo em si não tem tanto peso político, mas uma vice-presidencial em segundo mandato é outra questão. Entendemos que o MDB possui quadros, tamanho e tradição e que poderia compor a chapa, mas não é possível cravar isso hoje, é preciso saber se há disposição do presidente Lula, diz Braga.
O líder da bancada do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, declara que a escolha de um possível nome do partido para a vice de Lula dependerá de pesquisas eleitorais e da “necessidade política de composição da chapa”. Próximo a Renan Filho, ele afirma que o cenário mais provável é que o ministro dos Transportes seja candidato ao governo de Alagoas e ele, candidato à reeleição. Admite, contudo, que o plano pode sofrer alterações caso Renan Filho seja escolhido vice de Lula.
Fonte por: InfoMoney