Crianças e adolescentes sofrem com fome: vulnerabilidade em alta
Crianças e adolescentes, entre 0 e 17 anos, representam o grupo mais vulnerável aos riscos da fome.

Insegurança Alimentar: Crianças e Adolescentes São os Mais Afetados no Brasil
Crianças e adolescentes representam a parcela mais vulnerável à ameaça da fome no Brasil. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do IBGE, divulgados nesta sexta-feira, revelam que mais de 17,4% da população entre 0 e 17 anos viviam com insegurança alimentar grave ou moderada em 2024. Esse percentual supera em mais do que o dobro a média nacional, que é de 7,7% para pessoas que enfrentam restrições alimentares.
Indicadores de Segurança Alimentar
Os indicadores da pesquisa demonstram que a insegurança alimentar é mais prevalente entre crianças e adolescentes em comparação com a população idosa. Analisando a restrição alimentar mais severa, 3,3% da população de 0 a 4 anos e 3,8% de 5 a 17 anos enfrentavam a fome, enquanto a proporção na população de 65 anos ou mais foi de 2,3%.
“As crianças são mais vulneráveis à questão da insegurança alimentar quando comparadas a indivíduos com maior idade. Domicílios com crianças tendem a ser maiores, com múltiplos moradores. Em domicílios unipessoais, que geralmente contêm apenas uma pessoa, é comum encontrar indivíduos mais velhos com rendimentos ou aposentadorias”, explica Maria Lucia Vieira, gerente da pesquisa.
Ela complementa que o número de filhos em uma família pode influenciar o grau de insegurança alimentar, devido à necessidade de dividir a renda e os alimentos entre mais pessoas.
Renda e Educação
Os dados do IBGE também revelam uma relação entre a insegurança alimentar e o nível de escolaridade. A parcela de lares em insegurança alimentar grave, liderada por pessoas com até o ensino fundamental completo, atingiu 65,7%. Já entre domicílios com segurança plena em relação à alimentação, 64,9% tinham responsáveis com nível médio de escolaridade, mesmo que incompleto.
Leia também:

Haddad defende: “Maior reforma do crédito” impulsiona financiamento imobiliário

Censo: Mais de 8 milhões de brasileiros perdem mais de 1 hora no trânsito

Haddad busca alternativas após MP do IOF causa impacto de R$ 46,5 bilhões
Critérios de Segurança Alimentar
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) do IBGE classifica os lares com base na Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que define quatro categorias: segurança alimentar, insegurança alimentar leve, moderada ou grave. Cada categoria possui critérios específicos:
- Segurança alimentar: A família/domicílio tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.
- Insegurança alimentar leve: Preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro; qualidade inadequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos.
- Insegurança alimentar moderada: Redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre os adultos.
- Insegurança alimentar grave: Redução quantitativa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo as crianças. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.