A mexicana Karla Estrella concluiu, no domingo (10), uma sentença judicial incomum: publicar desculpas diárias por 30 dias seguidos após criticar, nas redes sociais, um casal de políticos governistas.
A acusação se fundamentou em normas mexicanas sobre violência política de gênero e propaganda eleitoral, instrumentos que, segundo especialistas, são frequentemente utilizados contra partidos políticos, grandes empresários e meios de comunicação, e não contra cidadãos comuns.
Analise o caso.
Em 2024, Karla acusou o deputado Sergio Gutiérrez Luna, atual presidente da Câmara dos Deputados e membro do Morena, partido da presidente de esquerda Claudia Sheinbaum, de nepotismo.
A suposta beneficiada seria a esposa do parlamentar, Diana Karina Barreras, que é agora candidata a deputada. Barreras processou Karla, embora não tenha sido mencionada diretamente na publicação.
A publicação afetou o desempenho profissional de Barreras ao colocá-la em posição de subordinação a uma figura masculina, diminuindo suas capacidades e trajetória. A defesa de Karla alegou que a crítica se referia exclusivamente ao deputado, mas os juízes rejeitaram o argumento.
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O casal tornou-se objeto de atenção pública.
Ademais, Karla foi multada e terá o nome registrado até 2027 como “pessoa sancionada por violência política de gênero”.
A atitude, contudo, pode ter produzido o efeito oposto: após a condenação, o casal político passou a ser alvo de uma nova onda de críticas online, com publicações que evidenciam supostos indícios de vida de alto padrão.
“Sou uma cidadã comum, que utiliza suas redes para opinar, se divertir e se informar. Não tenho poder para alterar a política no México, e essa não era a intenção”, declarou Karla, criticando o emprego de recursos públicos para sua audiência.
Sheinbaum classifica punição como “excesso”.
A própria presidente Claudia Sheinbaum classificou a punição como um “excesso” e afirmou que “o poder é humildade, não soberba”. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) também alertou para uma “preocupante tendência” de novas formas de censura judicial e legislativa no México.
Karla pretende recorrer a instâncias internacionais, incluindo a Corte Interamericana de Direitos Humanos, sustentando ter sido vítima de restrição desproporcional à liberdade de expressão.
Fonte por: InfoMoney