Dólar registra fortes quedas em 2025 e especialista preveê manutenção da tendência de ‘desvalorização’ da moeda; considere os fatores

O analista Matheus Spiess, da Empiricus, defende que os fatores primordiais decorrem da política comercial inconsistente de Donald Trump.

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O dólar se desvaloriza em mais de 12% em relação ao real até 2025. O movimento tem atraído a atenção do mercado, considerando que a moeda é usualmente considerada um refúgio seguro em períodos de instabilidade internacional.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, recorda que o primeiro semestre de 2025 representou uma oportunidade em que o dólar apresentou sua pior performance desde 1963. “A primeira parte da década de 1970 foi quando os EUA abandonaram o lastro de ouro e se caracterizou por um período de desvalorização da moeda.”

Incertezas nos Estados Unidos abalam o dólar.

A deterioração do dólar acompanha a falta de previsibilidade na política econômica dos Estados Unidos, relacionada à gestão de Donald Trump, e o aumento da pressão fiscal e institucional no país.

Apesar do dólar tradicionalmente se fortalecer em períodos de crise mundial, sua função como ativo de refúgio está sendo questionada, sobretudo quando as origens da incerteza provêm dos próprios Estados Unidos.

O analista avalia que a política comercial e econômica “errática” de Trump, em particular a “tarifa” aplicada a diversos países em abril, intensificou o movimento de desvalorização da moeda.

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A implementação de políticas como a “One Big Beautiful Bill”, que ampliou déficits significativos e comprometeu a estabilidade financeira dos Estados Unidos, intensificou a desconfiança dos investidores em relação ao dólar. Essa situação se agravou com a pressão sobre o Federal Reserve para reduzir as taxas de juros, o que diminui o interesse na moeda americana, mesmo com a falta de opções de ativos seguros no mercado global. Spiess complementa que “ruídos institucionais sobre o Fed são sinais negativos”.

O especialista aponta que os Estados Unidos lidam com um déficit fiscal e comercial simultâneo, resultando na emigração de recursos sem contrapartida de investimentos e, por conseguinte, no enfraquecimento da moeda.

É importante lembrar que, desde o início do ano, ocorreu uma rotação de portfólios em nível global, na qual os investidores retiraram parte de seus recursos dos Estados Unidos para outros países.

A consequência é que o enfraquecimento do dólar deve persistir, devido a uma crise de credibilidade institucional. Os Estados Unidos deixam de ser um refúgio seguro em razão da postura equivocada do poder executivo, da falta de confiabilidade nos contratos, das mudanças nas regras, da agressividade diplomática contra parceiros históricos e da política econômica instável no comércio.

Ademais, continuam as suspeitas de que o governo Trump prefira um dólar mais fraco para corrigir os déficits comerciais, o que pode resultar em mais interferências políticas e comprometer ainda mais a credibilidade das instituições americanas.

É hora de vender dólar?

Apesar dos obstáculos apresentados pelo dólar, o analista considera que, por ora, a posição de principal moeda de reserva global não está definitivamente comprometida.

A retomada dependerá da habilidade dos Estados Unidos em restabelecer a previsibilidade de sua economia, fortalecer suas instituições e manter retornos atraentes em comparação com o restante do mundo – fatores cruciais para recuperar a confiança nos seus ativos, segundo Spiess.

Diante disso, Spiess continua recomendando uma distribuição entre 15% e 30% do portfólio no exterior.

A exposição deve incluir ativos denominados em dólar, naturalmente, mas sem negligenciar outras moedas fortes, como o euro. É importante lembrar que investir em moedas fortes não significa apenas comprar moeda estrangeira, mas sim adquirir ativos sólidos lastreados nelas – ações, títulos de renda fixa, fundos ou ETFs. Como sempre, esse movimento deve ser feito com o devido dimensionamento das posições, conclui Spiess.

Fonte por: Empiricus

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