Executivo federal atribui à estratégia de “pauta-bomba” no Congresso a responsabilidade pela redução do lucro do Banco do Brasil
Lucro do Banco do Brasil registra queda de 60% no segundo trimestre; renegociação do setor agro é vista como elemento central.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusa o Congresso Nacional pela significativa redução do lucro líquido do Banco do Brasil (BBAS3) no segundo trimestre de 2025. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
Apesar do resultado adverso, apoiadores do Planalto garantem ao jornal que a presidente da instituição, Tarciana Medeiros, mantém sua reputação e não enfrenta ameaça imediata de renúncia.
A prestação de contas divulgada nesta quinta-feira (14) revelou lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, uma redução de 60% em comparação com o mesmo período de 2024. O aumento da inadimplência foi o principal motivo citado pelo mercado para justificar o desempenho, embora o governo considere que a crise foi intensificada por decisões do Legislativo.
O agronegócio e a “pauta-bomba”.
De acordo com a apuração da Folha, colaboradores de Lula defendem que o aumento da inadimplência se deve à expectativa gerada no setor agrícola de que dívidas seriam renegociadas em condições mais vantajosas.
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Essa percepção se originou após a Câmara dos Deputados aprovar uma medida que permite o uso de até R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para renegociar dívidas do setor.
A proposta, que no início atendia somente pequenos produtores, foi expandida com o apoio do centro e se tornou uma “pauta-bomba” contra o governo, possibilitando o acesso a recursos destinados a áreas como educação, saúde e habitação também por grandes empresas rurais.
A votação foi proposta pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em retaliação a Lula após o veto ao aumento do número de deputados e a decisão do STF de validar o reajuste do IOF. O texto segue em análise no Senado, com pedido de urgência pronto para votação em plenário.
Disposições expressivas
O Banco do Brasil apresentou acúmulo expressivo nas provisões para créditos com vencimento incerto (PVC), que atingiram R$ 15,9 bilhões, aumento de 104% em 12 meses. O cálculo considerou perdas esperadas de R$ 7,9 bilhões no agronegócio, R$ 4,8 bilhões em crédito a pessoas físicas e R$ 4,3 bilhões em pessoas jurídicas.
No setor, a situação se mostra ainda mais complexa: a ocorrência de perdas na última colheita de grãos e o aumento das execuções judiciais resultaram em atrasos superiores a 90 dias que representaram 3,49% do total, um avanço de 0,45 ponto percentual no trimestre e 2,17 pontos em um ano.
Pressão política e sucessão.
Apesar dos resultados, integrantes do governo afirmam que Tarciana Medeiros não é diretamente responsabilizada e segue com o apoio de Lula. O desempenho ruim, segundo eles, não deve impulsionar uma possível substituição, embora exista pressão no Senado para a troca.
O presidente da Câmara, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), é citado por congressistas como interessado no comando do banco. Sua aproximação recente de Lula alimenta especulações, mas no Planalto a avaliação é de que a presidente do BB ainda tem capital político para se manter no cargo.
Fonte por: InfoMoney