Fundos de inflação: vale a pena investir em fundos que adquirem títulos Tesouro IPCA+ atualmente?
O investimento direto em títulos públicos proporciona maior segurança, ao passo que fundos de índice agregam diversificação e praticidade ao portfólio.
Com o aumento crescente da inflação, o investidor brasileiro compreende a necessidade de proteger seu patrimônio contra a elevação dos preços e buscar nos investimentos uma valorização real. Uma das formas mais comuns de realizar isso é a compra de títulos públicos indexados à inflação – em junho, os brasileiros investiram R$ 1,9 bilhão nesses ativos. No entanto, para aqueles que buscam diversificação e um pouco mais de dinamismo, existem ETFs que acompanham o desempenho desses títulos, podendo adicionar complexidade e rentabilidade aos portfólios.
Atualmente, existem 11 ETFs listados na B3 que replicam o desempenho de índices de títulos públicos indexados ao IPCA. Na prática, adquirir uma cota desses fundos equivale a investir em múltiplos títulos do Tesouro IPCA+. Contudo, existem algumas diferenças que, apesar de parecerem sutis na comparação com o investimento direto nos títulos públicos, são relevantes para determinar quem deve investir nos ETFs de inflação.
Os ETFs oferecem diversas vantagens, como diversificação instantânea, baixo custo de gestão e facilidade de negociação.
Esses fundos listados na Bolsa replicam as carteiras de Índices que medem o desempenho do Tesouro IPCA+. O IMA-B, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e seus derivados são os mais utilizados. Cada ETF possui um índice de referência e é obrigado a investir pelo menos 95% da carteira nos ativos que compõem aquele índice.
Os ETFs proporcionam exposição mais eficaz à inflação e aos juros reais, apresentam diversificação e liquidez diária na Bolsa, avalia Guilherme Almeida, head de renda fixa da Suno Research. Ele também destaca outra vantagem desses ativos: “há um processo de suavização da volatilidade, já que dentro dos ETFs há uma cesta de NTN-Bs (títulos do Tesouro IPCA+) com durações (prazo médio de recebimento) diferentes”.
A conveniência e a diversificação são os principais benefícios dos fundos. “Investir por meio de ETFs é prático e diversificado desde o primeiro aporte, você não precisa escolher cada título individualmente, acompanhar vencimentos ou reinvestir cupons, o fundo cuida de tudo”, afirma Otávio Araújo, Consultor Sênior da Zero Markets Brasil.
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Ao investir por meio de ETFs, o investidor evita a taxa de custódia de 0,20% ao ano da B3, aplicada a investimentos diretos, mas enfrenta as taxas de administração definidas por cada gestora, que variam entre 0,19% e 0,50% ao ano.
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Dependência da marcação a mercado
Apesar das vantagens, o especialista adverte que o investimento em papéis inflacionários por meio de ETFs não se aplica a todos os perfis, nem a todos os objetivos. Isso ocorre porque os fundos de índice precisam comprar e vender ativos de acordo com a rotação das carteiras de seus índices de referência. Um fundo que compra Tesouro IPCA+ com prazo superior a cinco anos, por exemplo, precisa vender os títulos que vencem no curto prazo. Portanto, um ETF de inflação nunca leva os títulos até o vencimento.
Com a venda antecipada dos ativos, os ETFs dependem da marcação a mercado: se o título se desvalorizou até o momento da venda, há prejuízo. O inverso também ocorre e permite que esses fundos acumulem rentabilidade superior àquele que leva os títulos ao vencimento, caso os juros caiam. Essa característica contrasta com o investimento direto, onde o investidor escolhe o que fazer com o papel e, se ficar na aplicação até o prazo final, garante a rentabilidade prometida.
Para Jonas Carvalho, da Hike Capital, os ETFs de inflação podem ser utilizados por investidores experientes com capital já acumulado, porém o cenário atual não é favorável a essa alocação. “O risco de marcação a mercado é elevado e o investidor está sujeito a perdas se houver alta na curva de juros, algo comum em períodos de incerteza como o atual. Além disso, a volatilidade constante desses ETFs exige preparo para suportar quedas temporárias, o que significa que, na prática, eles só entregam bons retornos em janelas muito específicas.”
Investidores que buscam datas específicas para seus investimentos, como a compra de um imóvel em 10 anos, podem preferir a previsibilidade do Tesouro IPCA+. Os ETFs de inflação são ideais para a porção do portfólio que busca exposição ampla e diversificada aos títulos indexados à inflação, com a conveniência, o baixo custo e a eficiência tributária do reinvestimento automático, pondera Danilo Moreno, especialista de ETFs da Investo, que possui um fundo que investe em títulos de curto prazo.
Concentração em IPCA
Investidores que buscam estratégias distintas para exposição ao Tesouro IPCA+ podem unir a segurança de retorno real até o vencimento com a flexibilidade e diversificação de prazos dos ETFs. Contudo, a concentração em um único indexador – o IPCA – requer atenção, alerta Almeida. “Apesar de estarmos comparando um título puramente de renda fixa com um ativo que tem características de renda variável, no final das contas, eles estão expostos aos mesmos riscos.”
Jonas Carvalho sugere restringir a exposição a tais ativos a uma faixa entre 4% e 7% da carteira, devido a eles apresentarem os mesmos riscos de volatilidade e avaliação de mercado.
Fonte por: InfoMoney