Gerdau: Investimento de R$ 4,7 bi para 2026 e plano de tarifas mais altas

Guidance de investimentos da Gerdau para 2026 reduz R$ 4,7 bilhões, queda de 22% impacta planos da siderúrgica.

06/10/2025 13:45

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Gerdau: Visão Estratégica e Perspectivas de Mercado

Na última semana, acompanhamos o Gerdau Day, onde os executivos compartilharam suas visões sobre o mercado, expectativas para os próximos anos e apresentaram o plano de investimento para 2026, que se tornou o principal foco da reunião. Apesar de um cenário setorial ainda desafiador, a companhia demonstra uma abordagem estratégica para melhorar sua competitividade.

Investimentos e Guidance de 2026

O guidance de investimentos para 2026 foi reduzido em 22%, atingindo R$ 4,7 bilhões. Essa decisão reflete a conclusão de três grandes projetos e a ausência de novos projetos de magnitude similar. O montante total de R$ 4,7 bilhões é distribuído em R$ 2,3 bilhões destinados à Manutenção e R$ 1,8 bilhão para projetos de Competitividade. A empresa também prevê uma média anual de R$ 3 bilhões para Manutenção nos próximos cinco anos.

Projetos de Competitividade e EBITDA Potencial

Dos projetos de Competitividade, a maior parte do orçamento (cerca de 50%) será direcionada à expansão da unidade Midlothian em Texas, à mineração de Miguel Burnier e ao processamento de sucata em Pindamonhangaba. Com esses projetos, a empresa estima um EBITDA potencial de R$ 1,5 bilhão, com ramp-up a partir do 4T25.

EBITDA Incremental e Projetos Chave

O projeto de mineração de Miguel Burnier é particularmente importante, com a expectativa de gerar R$ 400 milhões de EBITDA incremental no próximo ano, representando cerca de 12% do EBITDA anual da ON Brasil. Além disso, a unidade garante 40 anos de reservas de minério com alta porcentagem de ferro (pellet feed 65%) e promove a verticalização da operação, gerando ganho de competitividade e atuando como um diferencial para enfrentar os elevados níveis de importação chinesa.

Estratégia de Autossuficiência Energética

A companhia também demonstra interesse em oportunidades de autossuficiência energética, com projetos nessa temática estimando uma redução de 60% nas contas de energia elétrica, que representam 4% dos custos. Essa estratégia visa otimizar os recursos e reduzir a dependência de fontes externas.

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Operação no Brasil e América do Norte

A expectativa dos executivos para o Brasil é de crescimento moderado, em linha com o PIB, o que representa um cenário positivo. No entanto, a resiliência da construção civil e a desaceleração esperada para o próximo ano em alta renda são fatores a serem monitorados. Dentro desse contexto, a estratégia comercial agressiva nos últimos meses em vergalhão, com descontos relevantes, visa retomar a atratividade da Gerdau, mesmo que em detrimento da rentabilidade.

Na América do Norte, o tarifaço gerou uma queda drástica nas importações de aços, especialmente nos Estados Unidos, e melhorou as condições para as operadoras locais. A taxa de utilização das usinas da Gerdau subiu para 85-87%, demonstrando a capacidade de adaptação da empresa.

Foco em Ações e Recomendações

A companhia continua a se concentrar em ações que visam otimizar seus mini mills (usinas menores que utilizam sucata como matéria-prima), maximizando a utilização das unidades, diluindo os custos fixos e aproveitando melhor o mercado local. A estratégia de brownfield (reforma em unidades já estruturadas) é priorizada, com foco em aços planos e vergalhões, utilizando micro mills, que apresentam um processo menos complexo e redução de custos.

A alavancagem da Gerdau permanece em patamar confortável (0,85x dívida líquida/ebitda), abaixo do teto interno de 1x, gerando flexibilidade para alocação de capital. A empresa continua distribuindo uma média de 75% da geração de caixa, consistentemente acima do payout de 30% estabelecido pelo estatuto, e reforça o foco em recompras de ações, reduzindo em -7% o número de ações totais nos últimos anos.

Conclusão

Apesar de um momento setorial complicado, a Gerdau demonstra estratégias capazes de entregar resultados sólidos, com o potencial de se beneficiar do aumento de demanda na América do Norte, em consequência do tarifaço. O valuation atrativo da empresa deve chamar a atenção do mercado assim que as condições do setor melhorarem. A recompras de ações e o foco em otimização continuam sendo pilares da estratégia da Gerdau, visando retornar valor ao acionista.

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