Goldman Sachs prevê tendência de dólar mais fraco e moedas emergentes em ascensão
O banco aponta que reduções graduais na taxa de juros do Fed e altas taxas de juros em países como Brasil e África do Sul incentivam estratégias de *car…
O dólar deve perder valor nos próximos meses devido ao fato de que a economia dos Estados Unidos não sustenta mais a alta precificação da moeda, segundo relatório enviado ao mercado pelo Goldman Sachs na sexta-feira (15).
Os analistas no documento apontam que a fraqueza atual do mercado de trabalho sustenta essa interpretação, o que pode permitir uma desvalorização gradual da moeda em relação a outros ativos internacionais. Espera-se que o simpósio anual de Jackson Hole, organizado pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) e que ocorrerá neste ano entre 21 e 23 de agosto, apresente discursos análogos aos do ano passado, quando Jerome Powell e outros integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) evitaram indicar um caminho definitivo para as taxas de juros antes da publicação dos próximos dados sobre emprego e inflação.
O banco prevê que os tomadores não receberão um indicativo mais forte de política monetária na reunião. O Goldman Sachs aponta que os discursos recentes dos membros do Fed e os dados divulgados até o momento mantêm margem para novas reduções na taxa de juros de curto prazo.
Os estrategistas adiantam que o dólar pode persistir com desempenho inferior em relação a outros ativos cíclicos, considerando que uma parcela do FOMC defende cortes mais lentos devido à contração da oferta de trabalho. Essa situação, segundo os analistas, indica um ritmo mais lento na criação de empregos e um potencial de crescimento menor, o que exerce pressão sobre a moeda.
Analistas do Goldman Sachs argumentam que os dados de inflação da semana passada indicam que os preços ao consumidor não devem restringir as decisões do Fed. Os números do Índice de Preços ao Produtor (PPI) apontam para um cenário de negócios volátil e incerto.
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Outro fator que influenciou o mercado de câmbio foi a especulação de que o relatório mensal de emprego seria suspenso. Embora a Casa Branca tenha esclarecido a situação, a questão da governança institucional nos Estados Unidos voltou a preocupar os investidores de moedas e pode resultar em uma desvalorização adicional do dólar, à medida que gestores globais reavaliam sua posição em ativos considerados refúgio seguro.
Na análise do banco, uma parcela da queda do dólar na semana também foi atribuída à baixa liquidez e a fatores externos, como as apostas em uma possível alta de juros pelo Banco do Japão (BoJ). A instituição avalia que o auxílio de eventos externos tende a ser cada vez mais necessário para que a trajetória de desvalorização da moeda americana se mantenha, já que os preços atuais estão menos favoráveis para movimentos mais rápidos.
Moedas de mercados emergentes
Em relação às moedas de mercados emergentes, o Goldman Sachs observa que agosto tem sido positivo. A valorização tem sido mais robusta entre as moedas de maior retorno em juros, como o real e o rand sul-africano, que ainda são considerados subavaliadas e sensíveis ao comportamento do yuan chinês.
As moedas asiáticas, em geral, perderam destaque, e o peso mexicano apresentou desempenho abaixo do esperado. Segundo o relatório, isso se deve à maior dependência da economia mexicana da demanda americana, além da moeda estar próxima de seu valor intrínseco.
O banco aponta que, apesar das reduções nas taxas de juros no México, o peso manteve-se relativamente estável, devido a fatores externos mais importantes para sua cotação. A expectativa é que o Banco do México diminua o ritmo das cortes e a moeda reagirá de forma mais sensível às variações dos rendimentos dos títulos norte-americanos. O Goldman Sachs afirma que, caso o mercado preveja novos cortes do Fed, a moeda mexicana poderá se beneficiar parcialmente, mas ainda identifica melhores oportunidades em outras divisas emergentes.
Os analistas indicam que o real e o rand apresentam potencial para ganhos adicionais, visto que ambas as moedas mantêm retorno elevado e forte correlação com o yuan. Espera-se que estratégias de *carry trade* continuem sendo atrativas, considerando o crescimento dos Estados Unidos abaixo da tendência e a ausência de sinais de recessão global mais intensa.
Fonte por: InfoMoney