Inteligência artificial identifica novos compostos antibióticos para combater bactérias resistentes da gonorreia

A inteligência artificial foi utilizada no desenvolvimento de dois antibióticos inovadores que combatem a gonorreia e a MRSA resistentes a fármacos, ain…

14/08/2025 17:35

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Uma nova pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) indica que a inteligência artificial (IA) pode inaugurar uma “segunda era de ouro” na descoberta de antibióticos. Cientistas demonstraram que a IA criou dois novos antibióticos promissores, aptos a combater a gonorreia e o MRSA resistentes a fármacos.

Um estudo divulgado na revista Cell demonstrou que fármacos foram concebidos molécula por molécula por inteligência artificial e obtiveram sucesso na eliminação de bactérias resistentes em experimentos de laboratório e com animais. Contudo, os antibióticos ainda necessitam de alguns anos de aprimoramento e testes clínicos antes de serem disponibilizados em farmácias.

Apesar de sua eficácia na eliminação de bactérias, os antibióticos disponíveis atualmente não conseguem combater todas as infecções, devido à existência de cepas resistentes que causam mais de um milhão de mortes anualmente.

O emprego excessivo desses medicamentos promoveu a adaptação dos microrganismos, que passaram a resistir aos seus efeitos. Paralelamente, há quase um século não são lançados novos antibióticos no mercado.

A inteligência artificial pode ser vista como uma ferramenta de busca.

Até então, outros pesquisadores empregaram a IA para analisar inúmeras substâncias químicas já conhecidas, buscando compostos com efeito antibiótico. No caso da equipe do MIT, a pesquisa utilizou a tecnologia para projetar potenciais medicamentos, inicialmente para a gonorreia, uma infecção sexualmente transmissível, e para o MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina).

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O estudo analisou 36 milhões de compostos, incluindo substâncias inéditas ou ainda não identificadas. Para treinar a inteligência artificial, os pesquisadores utilizaram a estrutura química de compostos já conhecidos e informações sobre sua capacidade de inibir o crescimento de diversas espécies bacterianas.

Pesquisadores afirmam que a inteligência artificial compreende os efeitos que as bactérias sofrem devido a diversas estruturas moleculares, formadas por átomos como carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio.

Os pesquisadores avaliaram duas abordagens para a produção de antibióticos utilizando inteligência artificial. Na primeira delas, a IA procurou em um banco de dados com milhões de fragmentos químicos, que variavam de oito a 19 átomos, identificando um ponto de partida promissor e, a partir dele, construindo novas moléculas. Na segunda, o sistema operou com total autonomia desde o início do processo.

Na fase de desenvolvimento, foram excluídos compostos muito parecidos com antibióticos já existentes, bem como substâncias que apresentavam semelhanças com produtos de limpeza ou que poderiam apresentar risco de toxicidade para humanos.

O professor James Collins, do MIT, afirmou estar entusiasmado por demonstrar que a IA generativa pode ser utilizada para criar antibióticos inéditos, em entrevista à BBC.

Ele ressaltou que a IA possibilita a criação de novas moléculas de maneira econômica e acelerada, ampliando o “arsenal” científico e conferindo aos cientistas uma vantagem sobre os genes das superbactérias.

Contudo, ressalta-se que os antibióticos ainda não estão preparados para uso em humanos e que serão necessários, no mínimo, mais dois anos de trabalho para iniciar os testes clínicos.

Fonte por: InfoMoney

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