O empresário Sidney Oliveira, proprietário da Ultrafarma, foi preso temporariamente na última terça-feira (12), na Operação Ícaro, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). A ação investiga um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), que teriam recebido mais de R$ 1 bilhão em propinas para beneficiar empresas do setor de varejo.
Ademais, foram detidos o empresário Mário Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop, e o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, da Secretaria da Fazenda e Planejamento (Sefaz-SP).
Sidney Oliveira iniciou sua trajetória profissional em uma farmácia aos 12 anos, obtendo sucesso nos negócios no início dos anos 2000, ao fundar a Ultrafarma, que atualmente conta com seis filiais próprias e mais de 400 representantes licenciados.
Mário Otávio Gomes trabalha na Fast Shop há mais de 30 anos e exerce a função de diretor estatutário – que o responsabiliza por prejuízos decorrentes de má gestão ou dolo, desde 2014.
Artur Gomes da Silva Neto é supervisor da Diretoria de Fiscalização (Difis) da Sefaz-SP.
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A investigação iniciou-se após uma evolução patrimonial incomum da empresa Smart Tax, registrada em nome da mãe de Artur. O patrimônio da empresa subiu de R$ 411 mil em 2021 para R$ 2 bilhões em 2024, o que despertou a atenção do Ministério Público de São Paulo, considerando que a empresa não possuía funcionários e tinha apenas a Fast Shop como cliente.
O Ministério Público de São Paulo apurou que o fiscal manipulava processos administrativos para viabilizar o pagamento de créditos tributários pelas empresas. Em troca, as companhias pagavam um valor a Artur através da Smart Tax.
Sidney foi detido provisariamente na Operação Ícaro devido à envolvimento da Ultrafarma no inquérito. A promotoria paulista identificou centenas de e-mails trocados entre o diretor da Ultrafarma, colaboradores da empresa e Artur.
O Ministério Público de São Paulo afirma que Artur possuía até mesmo o certificado digital da Ultrafarma para protocolar pedidos de ressarcimento em nome da empresa junto à Sefaz.
O órgão também apontou que o fiscal pagou R$ 1,2 milhão ao advogado Fernando Capez — ex-procurador de Justiça e ex-deputado estadual — para defender Sidney em uma investigação. Ele também teria convencido o empresário a fechar um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) para encerrar a investigação e ocultar sua participação em crimes praticados pelo dono da Ultrafarma.
Conforme o Ministério Público de São Paulo, a determinação foi necessária, visto que funcionários da Ultrafarma seriam ouvidos pela instituição e, caso estivesse em liberdade, o empresário poderia pressionar ou intimidar seus subordinados. Esse argumento também foi utilizado para justificar a prisão de Mário.
A investigação do MP-SP também abrange outras varejistas suspeitas de terem financiado o esquema de corrupção.
A investigação menciona o Grupo Nós, proprietário das lojas de conveniência Oxxo; a Rede 28, de postos de combustíveis; a Kalunga, rede de papelaria e material de escritório; e a distribuidora All Mix.
Fonte por: InfoMoney