JPMorgan: dólar desvalorizado e potencial investimento chinês podem atrair capital externo para o Brasil

Analistas bancários preveem que reduções na taxa de juros e uma melhora na economia externa impulsionarão o retorno de investimentos estrangeiros para o…

15/08/2025 15:36

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O fluxo de capital estrangeiro para o Brasil deverá apresentar um comportamento positivo nos próximos meses, após um período caracterizado por saídas significativas. A declaração é do JPMorgan em relatório divulgado na quinta-feira (14).

Dados do banco indicam que, até 12 de agosto, ocorreram retiradas líquidas de R$ 771 milhões no acumulado do mês, após resgates de R$ 6,4 bilhões em julho, mês em que os Estados Unidos anunciaram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. No acumulado do ano, há entrada de R$ 14 bilhões, excluindo operações relacionadas à Vale (VALE3), valor que ainda não compensa a saída de R$ 32 bilhões registrada no ano passado, segundo os estrategistas.

Segundo os analistas da instituição, a volatilidade dos fluxos estrangeiros tem sido influenciada primordialmente pela guerra comercial conduzida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Os fluxos estrangeiros para o Brasil têm ocorrido em grandes volumes: ou entra muito dinheiro ou sai muito dinheiro. E o fator que mais tem definido a direção dos fluxos tem sido, principalmente, as notícias sobre tarifas”, afirmou o relatório.

O estudo indica que, de maneira evidente, reduções nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) podem incentivar novos investimentos. Contudo, a experiência demonstra que, nos últimos anos, a política monetária americana não tem sido o fator primordial. Uma particularidade ocorreu em 2024, quando a primeira diminuição das taxas do Fed resultou em entradas de R$ 10 bilhões.

Analistas do JPMorgan apontam que as tarifas também influenciaram a cotação do dólar. No período dos cortes de juros do Fed em 2024, a moeda americana desvalorizou-se 1,5% nos dias que antecederam 24 de setembro, com esse movimento se estendendo por alguns dias e atraindo mais de R$ 10 bilhões para a bolsa brasileira, apesar do início do aumento da taxa Selic pelo Banco Central do Brasil. Posteriormente, o dólar recuperou força, com alta de mais de 7%, impulsionado pela vitória eleitoral de Donald Trump, o que gerou saídas de recursos.

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A equipe de estratégia cambial do banco prevê que o dólar continuará em declínio, impulsionado por taxas de juros mais baixas, desaceleração econômica e expansão do déficit fiscal nos Estados Unidos. Um dólar mais fraco, juntamente com a recuperação das bolsas chinesas, é considerado positivo para o fluxo de capital no Brasil.

Internamente, o relatório aponta que o início do ciclo de cortes de juros no Brasil até o final do ano deverá fortalecer o interesse no mercado local. O JPMorgan projeta uma redução de 425 pontos-base na Selic, superior aos aproximadamente 250 pontos-base estimados pelo mercado. De acordo com o banco, historicamente as previsões de agentes financeiros subestimam o volume de cortes no país.

Fundos de investimento e multimercados

O levantamento também apresenta dados sobre os fluxos nos fundos de investimento brasileiros. Em julho, o setor registrou entrada líquida de R$ 17 bilhões, impulsionada por fundos de renda fixa, acumulando R$ 25,9 bilhões no ano. Fundos de ações apresentaram saídas consecutivas pelo 13º mês, com resgates de R$ 5 bilhões em julho e de R$ 53 bilhões no acumulado do ano. A participação de ações no total de ativos dos fundos está em 7,8%, avanço de 0,10 ponto percentual em relação a maio, mas distante da média histórica de 11,2%.

Fundos multimercados também tiveram saídas de R$ 1 bilhão em julho, embora em ritmo inferior aos meses anteriores. No ano, o saldo negativo é de R$ 76 bilhões. Já os fundos de renda fixa registraram entradas de R$ 102 bilhões no acumulado do ano, mantendo a sequência de três meses de captação.

Na B3 (B3SA3), a participação externa continua em 60% nos últimos 12 meses, conforme dados coletados pelo banco. Investidores institucionais correspondem a 24,6% do volume negociado, inferior ao registrado um ano anterior, enquanto pessoas físicas representam 14%.

Fonte por: InfoMoney

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