Lula e Noboa discursam sobre a necessidade de suprimir divergências ideológicas; petista propõe denúncia criminal
“Divergências políticas não devem prevalecer sobre o propósito central de desenvolver uma região robusta e bem-sucedida”, declarou Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Equador, Daniel Noboa, defenderam nesta segunda-feira, 18, que divergências ideológicas devem ser superadas e uniram esforços contra o crime organizado regional, incluindo ações em presídios. O equatoriano foi recebido por Lula no Palácio do Planalto.
“Diferenças políticas não devem se sobrepor ao objetivo maior de construir uma região forte e próspera”, afirmou Lula, ressaltando também o “respeito” e a “confiança mútua” entre os países. O petista classificou a visita como marco do recomeço nas relações políticas, comerciais e culturais entre os países.
Em um cenário global complexo, com rivalidades intensificadas e instituições multilaterais enfraquecidas, é fundamental a firmeza na defesa de nossa independência. Para o Brasil, autonomia significa diversificação de parcerias. Os laços com Equador e com os demais vizinhos sul-americanos são prioridade para nós, afirmou Lula.
As discussões ideológicas ficaram no passado, declarou Noboa. O equatoriano defendeu uma visão continental para os governantes sul-americanos e afirmou que é preciso acabar com a prática de os países “darem as costas” uns aos outros.
Noboa, que já havia elogiado a sagacidade política do brasileiro no ano anterior, agradeceu a acolhida calorosa, a simpatia e elogiou até a “honestidade” de Lula.
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Lula apoiou a adversária nas eleições, a representante do conservadorismo Luisa González, mas desconsiderou denúncias de fraude apresentadas pela esquerda e admitiu a reeleição do líder de direita, que contava com o apoio de Donald Trump.
O presidente Lula declarou que o Brasil busca ampliar a cooperação em segurança pública com o Equador, anunciando o envio de um adido da Polícia Federal a Quito.
Afirmou que o País está aberto a expandir suas ações para além dos cursos de investigação de crimes financeiros e a participar de operações contra o contrabando de armas e atividades nos presídios, atuando em coordenação por meio do Centro Internacional de Cooperação Policial da Amazônia, localizado em Manaus.
Não é preciso classificar organizações criminosas como terroristas, nem violar a soberania alheia para combater o crime organizado”, disse Lula, em reação a políticas de Donald Trump, que defende a classificação e ordenou as Forças Armadas americanas a despacharem unidades para combater os cartéis latino-americanos. “Só conseguiremos combater as redes criminosas que se espalharam pela América do Sul agindo juntos.”
Lula voltou a defender a regulação das grandes empresas de tecnologia como forma de combater a criminalidade – outra questão que o coloca em confronto com o governo americano atual. Ao decretar uma tarifa de 50% sobre as exportações do Brasil, Trump respondeu às investigações judiciais do Supremo que afetaram empresas americanas.
Nossas sociedades enfrentarão constante ameaça sem a regulamentação das grandes empresas de tecnologia. Esse é o grande desafio contemporâneo de todos os Estados. As redes digitais não devem ser terras sem lei em que é possível atentar impunemente contra a democracia, incitar o ódio e a violência. Erradicar a exploração sexual de crianças e de adolescentes é uma imposição moral e uma obrigação do poder público.
Noboa declarou que a situação de segurança no Equador tornou-se muito “problemática” e que é “uma luta que não se pode lutar sozinho”. Desde 2020, a taxa se multiplicou e em 2023 atingiu 46 por 100 mil habitantes, a maior da América Latina.
Ele afirma que o país enfrenta questões recorrentes no Brasil e na América do Sul, incluindo o tráfico de drogas, a mineração ilegal e o tráfico de órgãos e pessoas, que impactam negativamente a juventude e os povos em termos psicológicos. Para eles, tais atividades são “desumanas”.
Noboa declarou que os países precisam intensificar a troca de informações e o comércio, e defendeu o desenvolvimento das conexões rodoviárias, ferroviárias e hidroviárias da região norte do Brasil, em especial Manaus, até os portos equatorianos de Manta e Guaiaquil. Essas vias constituem parte do projeto estratégico do governo brasileiro, as rotas da integração sul-americana.
Lula também propôs um maior equilíbrio da balança comercial, uma demanda dos equatorianos, visto que, em 2024, as trocas comerciais totalizaram US$ 1,1 bilhão, com US$ 970 milhões provenientes das exportações brasileiras.
O Brasil exporta sobretudo automóveis, máquinas, fármacos e produtos das indústrias de papel e celulose. E pretende exportar carne de porco.
Em contrapartida, Lula afirmou que o Brasil diminuirá obstáculos e aumentará as compras de produtos equatorianos. Sob determinação judicial, garantiu a reabertura do mercado brasileiro para a banana equatoriana (começando pela desidratada e concluindo até o fim do ano a análise de risco de banana in natura) e progredirá na retomada da importação de camarão.
Fonte por: InfoMoney