Menor de 18 anos deu à luz em residência de influenciador detido por crimes de abuso
Hytalo Santos e seu marido permanecem sob custódia por suspeita de aliciamento, cárcere privado e trabalho forçado de adolescentes em João Pessoa.
A detenção do influenciador digital Hytalo Santos e de seu marido, Israel Natan Vicente, revelou uma teia de exploração de adolescentes, financiada por visualizações e remunerada por plataformas online. Ambos foram presos na última sexta-feira (15), sob acusações de tráfico de pessoas, exploração sexual infantil e cárcere privado.
Entre as vítimas está uma jovem que teve um bebê ainda menor de idade, perdeu o bebê e, segundo relatos, vivia sob controle rígido do casal.
A jovem Kamylinha foi acolhida por Hytalo aos 12 anos e integrou a Turma do Hytalo, grupo de jovens que produzia vídeos de entretenimento. Aos 17 anos, ela engravidou do irmão do influenciador, Hyago Santos.
O caso, que já vinha sendo investigado por órgãos como o Ministério Público da Paraíba e o Ministério Público do Trabalho, adquiriu nova dimensão após denúncias sobre a rotina impostas aos adolescentes pelo influenciador Felca.
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Controle, pressão e ausência de direitos
Investigações do Ministério Público indicam que os jovens estavam sob constante vigilância, com restrição de acesso a telefones celulares, controle sobre a alimentação e gravações que abrangiam até a rotina escolar. Ex-funcionários relataram festas com consumo de álcool por menores e jornadas intensas de produção de conteúdo, além de descreverem a falta de supervisão adequada.
Uma ex-colaboradora relatou que os celulares dos adolescentes eram mantidos trancados em caixas ou no quarto de Hytalo. Um depoimento adicional indicou que, embora vídeos mostrassem idas à escola, os jovens não compareciam ao ambiente escolar. Para os investigadores, configurava-se um regime de trabalho forçado disfarçado de convivência artística.
A monetização digital e a “mesada” afetam os pais
Ademais do ambiente prejudicial, as apurações indicam que os genitores dos adolescentes recebiam valores mensais – entre R$ 2 mil e R$ 3 mil – para que os filhos residissem na residência e colaborassem nas gravações. A conduta suscita dúvidas acerca do consentimento e da coautoria no esquema.
As plataformas de mídia social passaram a lucrar com os conteúdos até que a repercussão nacional exigiu uma reação. TikTok, YouTube e Instagram declararam ter bloqueado a monetização dos perfis de Hytalo, embora não tenham justificado o tempo em que mantiveram os canais ativos.
Kamylinha, com mais de 11 milhões de seguidores no Instagram, teve seu perfil bloqueado pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda, após ser identificada promovendo casas de apostas — o que é proibido para menores de idade.
Fonte por: InfoMoney