Mercadante: Pix é inovação tecnológica, não é questão relacionada ao comércio com os EUA
Presidente do BNDES defendeu o sistema de pagamentos nacional, abordou temas de soberania e democracia e tratou do processo judicial envolvendo o ex-pre…
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, declarou nesta terça-feira, 19, que o Pix brasileiro é uma inovação tecnológica, não justificando questionamentos dos Estados Unidos nas relações comerciais com o Brasil. O sistema de pagamento brasileiro foi citado na imposição do tarifário implementado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, aos produtos brasileiros exportados para seu país.
O Pix é uma inovação tecnológica, gratuita, que melhora a vida, o intercâmbio, a troca, é uma forma extremamente contemporânea de moeda eletrônica. A inovação faz parte da competição entre os países, defendeu Mercadante. Então, é uma mudança que não pode ser questionada na relação comercial dos países. Se os cartões de crédito perdem algum mercado, faz parte da concorrência, isso é saudável, isso é eficiência. Você não pode substituir a eficiência, a busca de eficiência, a busca de produtividade, a busca de competitividade por regras de um mundo unilateral autoritário de imposições de sanções, que é um pouco o debate que nós estamos vivendo.
Mercadante compareceu na manhã da terça-feira, 19, à Aula Magna “Desenvolvimento, democracia e sustentabilidade”, localizada na Cidade Universitária da Ilha do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na zona norte da capital fluminense.
A soberania e a democracia não se negociam. Nós vamos manter e defender o direito do povo brasileiro de determinar o que será feito no Brasil. Sem soberania, não há democracia. Eu quero me solidarizar com aqueles que estão sendo ameaçados de forma arbitrária, sofrendo algumas sanções, formas de pressão. Mas foi assim que se manifestou a história da luta pela democracia.
Leia também:

Avião americano de origem desconhecida, empregado em operações da CIA, aterrissou em Porto Alegre com destino a SP

A maioria dos brasileiros não utiliza a inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, de acordo com estudo

Ministro do Turismo afirma que Belém possui 53 mil leitos assegurados para a COP30
O presidente do banco de fomento comentou o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus na ação penal por tentativa de golpe.
O que é o desafio que o Brasil está enfrentando e que está enfrentando? Tivemos uma tentativa de golpe. Eu estava na coordenação da transição (de governo). Eu vivi de dentro cada dia, cada hora o que estava acontecendo. Aquela concentração na frente dos quartéis, uma coisa difícil de acontecer se não tivesse sido permitido, mas era permanentemente uma tentativa de provocar um levante militar.
O executivo mencionou também a tentativa de explosão de um caminhão com querosene de aviação próximo ao aeroporto de Brasília, a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, os planos de assassinato de integrantes do atual governo e os atos golpistas do 8 de janeiro, que levaram à destruição das sedes dos Três Poderes. “No 8 de janeiro, era uma ação orquestrada. Destruíram o Palácio do Planalto, o Congresso e, sobretudo, o Supremo (Tribunal Federal). Por quê? Para passar a imagem de caos. Os ônibus sendo contratados para levar os militantes em Brasília, esperando a paralização dos caminhoneiros e o levante das Forças Armadas”, disse.
Ele acrescentou: “E aqui eu quero dizer que o CNPJ das Forças Armadas não participou do golpe, ele teve um papel fundamental na estabilização da democracia. Precisamos reconhecer isso e valorizar essa ação. É o CPF de alguns que está sendo julgado, é o RG específico, tem nome, tem endereço, são eles que estão sendo julgados. A instituição foi fundamental para preservar a democracia.”
Mercadante argumentou em favor da regulamentação das grandes empresas de tecnologia para assegurar a preservação da democracia.
Ele defende que não há intenção de causar prejuízo ou de não utilizar as plataformas, pois elas são importantes na sociedade atual, mas sim de estabelecer regras de responsabilização. “Aquilo que vale no direito na sociedade tem que valer também no mundo digital, não pode ser uma terra sem lei”, argumentou. “Nós queremos algumas regras civilizadas de responsabilidade em relação a valores que são fundamentais para o convívio e para a civilização.”
Fonte por: InfoMoney