Economia Americana: Shutdown e Dados de Emprego
O governo federal americano continua enfrentando os desafios decorrentes do mais longo shutdown da história, impactando o funcionamento da máquina pública e a divulgação de dados macroeconômicos cruciais. Recentemente, houve um avanço significativo nas negociações, culminando na aprovação do pacote de gastos pelo Senado na madrugada da segunda-feira (10).
A matéria agora segue para análise na Câmara dos Deputados, com expectativa de votação ainda nesta quarta-feira (12). Um dos dados mais relevantes divulgados na semana passada foi o relatório de empregos da ADP, que mede a força da geração de empregos no setor privado.
Análise do Relatório ADP e Tendências do Mercado
O indicador, divulgado na quarta-feira (5), apontou para a criação de 42 mil vagas em outubro, superando as estimativas de 30 mil. Este foi o primeiro momento desde julho em que o setor voltou a apresentar crescimento, embora as contratações tenham permanecido modestas em comparação com o início do ano.
Os ganhos foram concentrados em setores como educação, saúde, comércio, transporte e utilidades, enquanto áreas como serviços profissionais, informação e lazer/hospitalidade continuaram a registrar perdas, marcando o terceiro mês consecutivo de declínio.
Considerando a revisão para cima nos dados de setembro (de -32 mil para -29 mil), a média de três meses ainda mostra números pífios, com a criação de apenas 3 mil novos postos no período.
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Dados Semanais da ADP e Perspectivas do Mercado de Trabalho
Vale ressaltar que a ADP passou a divulgar dados semanalmente, que retratam a média móvel de quatro semanas anteriores de dados. Nesta manhã, o número divulgado revelou uma contração de 11,25 mil postos de trabalho até 25 de outubro. Esses dados sugerem que o mercado de trabalho americano continua com sinais de fraqueza e corroboram para mais um corte de 25 pontos-base nas taxas na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
A expectativa é que essa situação continue a influenciar as decisões de política monetária.
Política Monetária no Brasil: Selic e Tom do Copom
No Brasil, o Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano na última quarta-feira (5), decisão em linha com o consenso de mercado. O comunicado teve poucas alterações, preservando o tom bastante duro da autarquia. O Comitê reconheceu uma melhora na inflação doméstica, mencionando que a inflação cheia e as medidas subjacentes “apresentaram algum arrefecimento”, embora tenha mantido sua avaliação sobre o dinamismo do mercado de trabalho e a indicação de que a taxa de juros deve permanecer em níveis contracionistas por um período bastante prolongado.
Revisão da Projeção de Inflação e Expectativas para o Mercado
Contudo, nesta manhã, o Banco Central adotou um tom mais dovish (brando) em diversos pontos. Entre os destaques, o Banco Central afirmou que em sua projeção de inflação para o segundo trimestre de 2027 já está incorporado o efeito da ampliação da isenção de Imposto de Renda (IR).
Ou seja, mesmo com o efeito inflacionário da medida de expansão fiscal, o modelo do Banco Central apontou para a queda de 3,4% para 3,3% no horizonte relevante de política monetária. Além disso, o IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, com uma leitura surpreendentemente baixa, abaixo da mediana das estimativas.
Tendências de Preços e Recomendações de Investimento
Os preços de alimentos mostraram novamente uma tendência de queda, assim como o grupo de bens duráveis. Os itens comercializáveis, sensíveis à apreciação da moeda brasileira, registraram a quarta queda consecutiva de preços, e os administrados apresentaram uma forte queda na linha de energia elétrica, devido à mudança da bandeira vermelha para vermelha 1.
Os preços da gasolina também tiveram uma contribuição menor do que na leitura de setembro. Em contrapartida, os serviços intensivos em mão de obra reaceleraram para o maior patamar desde agosto, com a média de três meses dessazonalizada e anualizada voltando ao maior patamar desde fevereiro.
Essa situação conversa com nossas estimativas acima do consenso de mercado de desaceleração da atividade brasileira em um ritmo gradual. Em suma, entendemos que a combinação entre a comunicação mais flexível do Banco Central na ata desta manhã e o IPCA cheio de outubro bastante aquém das estimativas aumentam significativamente as chances do primeiro corte de juros em janeiro.
Opções de Investimento e Recomendações
Nesta manhã, o mercado reagiu fortemente ao cenário mais dovish (brando) de política monetária com queda expressiva da curva de juros em todos os vértices, apreciação do real e forte alta do Ibovespa. Esperamos ver uma flexibilização adicional do discurso do Banco Central na próxima reunião do dia 10 de dezembro e o início dos cortes na primeira reunião de 2026.
Além dos títulos prefixados até dois anos, também vemos retornos interessantes em títulos indexados ao IPCA nos vértices intermediários.
Cardápio da Semana:
- LCA prefixada do Banco ABC do Brasil: Classificação de risco Fitch: AAA (bra). Público-alvo: Investidores em geral. Onde encontrar: Banco ABC. Aplicação mínima: R$ 1 mil. Vencimento: 23/11/2026 (377 dias corridos). Rentabilidade anual: 13,83% a.a. Tributação: Isento. Pagamento de juros: No vencimento. Resgate: No vencimento. Garantias: Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Horário limite de aplicação: 17h
- CDB IPCA+ do Agibank: Classificação de risco Fitch: AAA (bra). Público-alvo: Investidores em geral. Onde encontrar: Aplicação mínima: R$ 1 mil. Vencimento: 13/11/2028 (1098 dias corridos). Rentabilidade anual: IPCA+ 8,80% a.a. Tributação: 15%. Pagamento de juros: No vencimento. Resgate: No vencimento. Garantias: Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Horário limite de aplicação: 17h45
- LCA prefixada do Itaú: Classificação de risco Fitch: AAA (bra). Público-alvo: Investidores em geral. Onde encontrar: Íon Itaú. Aplicação mínima: R$ 1 mil. Vencimento: 15/05/2026 (185 dias corridos). Rentabilidade anual: 13,01% a.a. Tributação: Isento. Pagamento de juros: No vencimento. Resgate: No vencimento. Garantias: Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Horário limite de aplicação: 16h30
Recomendações: Para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo, recomendamos apenas o Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos DI taxa zero.
