Países e governos de mercados emergentes estão reativando a emissão de dívida internacional em um ritmo elevado desde 2021, impulsionados pela redução das taxas de juros de risco e pela previsão de cortes nos Estados Unidos.
De acordo com informações do JPMorgan e S&P Global, foram lançados títulos de dívida no valor de US$ 250 bilhões entre janeiro e julho de 2024. A estimativa indica que o montante total alcance US$ 370 bilhões até o final do ano, próximo do recorde estabelecido durante a pandemia.
Com a inclusão da China, o volume aumenta para 433 bilhões de dólares, ainda que o resultado líquido seja negativo em 8 bilhões de dólares, em razão dos pagamentos em dia.
O mercado iniciou a precificação de um Federal Reserve mais acomodatice. Muitas empresas que estavam à margem estão se preparando para retornar, afirmou Alan Siow, da gestora Ninety One ao jornal.
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O acréscimo necessário para investidores adquirirem títulos de empresas emergentes, com avaliação em relação aos títulos do Tesouro de 10 anos, diminuiu para menos de 2 pontos percentuais, o menor patamar desde 2007.
Essa compressão de spreads demonstra um aumento no apetite por risco, sustentado por acordos comerciais estabelecidos por Donald Trump e pela valorização das bolsas internacionais.
Apesar do cenário macroeconômico ainda apresentar incertezas significativas, como pressões tarifárias isoladas e informações conflitantes sobre o crescimento, os mercados de crédito mantêm-se em um ritmo robusto.
A China, que era a principal emissora entre os países emergentes até 2021, diminuiu sua posição após a crise do setor imobiliário e passou a dar maior ênfase ao financiamento interno. No entanto, na sequência, países como Arábia Saudita e México têm acelerado o crescimento do mercado.
A Arábia Saudita aumentou as emissões em dólar para financiar projetos estratégicos internos e compensar a redução das receitas provenientes do petróleo. O México, por outro lado, arrecadou US$ 12 bilhões este ano, parte dos recursos destinados a fortalecer a companhia estatal Pemex.
Tarifas de Trump não causam apreensão.
Apesar das recentes ameaças de tarifas de até 50% sobre o Brasil e a Índia propostas por Trump, as margens de lucro permanecem em declínio.
Papéis de alto rendimento também se valorizaram, indicando que os investidores ainda não refletiram em seus preços uma deterioração geopolítica significativa.
“O mercado está surpreendentemente tranquilo em relação às tarifas”, disse Siow. “Esses anúncios assustam, mas os investidores estão olhando além — até porque os detalhes sempre trazem exceções.”
Ele menciona, por exemplo, uma possível taxa de 25% sobre o México, cujo efeito efetivo seria inferior a 10% em razão das regras do acordo comercial USMCA, que mantêm condições vantajosas para grande parte das exportações mexicanas.
Fonte por: InfoMoney