Mercados Globais em Defensiva e Incertidões Persistem

Mercados globais em defensiva após shutdown nos EUA; Fed no escuro e temores sobre juros.

14/11/2025 9:34

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(Imagem de reprodução da internet).

Mercados Globais em Defensiva Após Shutdown nos EUA

Após o término do shutdown nos Estados Unidos, os mercados globais entraram em modo defensivo. A reabertura escancarou um problema mais profundo: a perda irreversível de dados essenciais, como a taxa de desemprego de outubro, deixando o Federal Reserve parcialmente “no escuro” em um momento crítico para a definição da política monetária.

A falta de informações confiáveis reduziu a probabilidade de um corte de juros em dezembro e reacendeu temores sobre um possível excesso de otimismo em torno das empresas de tecnologia e inteligência artificial.

Fatores de Incerteza

O disparou, ações do setor sofreram correções relevantes e membros do Fed adotaram um discurso mais cauteloso, enquanto indicadores importantes — como PPI e vendas no varejo — permanecem sem data para divulgação. Somaram-se a isso preocupações crescentes com o nível de capex das empresas do segmento de inteligência artificial.

Ações e Discurso Cauteloso

No exterior, o ambiente de cautela ganhou novas camadas: os Estados Unidos avaliam cortes tarifários sobre alimentos por meio de acordos com países latino-americanos, medida que pode produzir efeitos incertos sobre os preços ao consumidor; e a China apresentou dados fracos de produção industrial e crédito, reforçando o temor de desaceleração.

Reação dos Mercados Globais

Investidores estrangeiros intensificaram saídas de mercados asiáticos ligados à IA, enquanto as bolsas europeias recuam nesta manhã diante das dúvidas sobre juros globais e da fraqueza da demanda chinesa. O petróleo voltou a subir após um ataque ucraniano a instalações russas, adicionando volatilidade.

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Situação no Brasil

No Brasil, o Ibovespa voltou a encerrar o pregão em leve queda, acompanhando o mau humor dos mercados globais e estendendo o movimento de correção iniciado na véspera, após uma sequência excepcional de 12 recordes consecutivos. Nem mesmo a sinalização positiva vinda de Washington — onde o chanceler Mauro Vieira afirmou que os EUA devem responder nos próximos dias à proposta brasileira de uma trégua tarifária de 90 dias — foi suficiente para animar os investidores.

Vendas no Varejo e Desinflação

Ao mesmo tempo, as vendas no varejo de setembro reafirmaram uma desaceleração mais nítida do consumo: alta modesta de 0,2% no varejo ampliado e queda de 0,3% no núcleo, com composição frágil e desempenho abaixo das expectativas. Esse movimento reforça um viés desinflacionário e mantém no radar a possibilidade de corte da Selic em janeiro, ainda que o espaço total desse ciclo seja limitado pelas fragilidades fiscais.

Necessidade de Reformas Estruturais

Esse pano de fundo ressalta a necessidade urgente de uma agenda de reformas estruturais em 2027. A incapacidade recorrente do País de respeitar regras fiscais torna essencial rever mecanismos de indexação de despesas, corrigir distorções, incluir militares no ajuste previdenciário, redesenhar benefícios como seguro-desemprego e abono salarial, enfrentar supersalários e evitar novas “bombas fiscais”.

Desafios Políticos e Econômicos

Entre os desafios mais sensíveis está a política de salário mínimo, cujos aumentos reais recorrentes pressionam de forma insustentável a Previdência e a assistência social, corroendo rapidamente parte dos ganhos obtidos com a reforma de 2019. A dificuldade, porém, é de natureza política: falta coesão social, prevalecem incentivos de curto prazo e o peso crescente das emendas parlamentares — já acima de 20% da despesa discricionária — distorce prioridades e fragiliza o planejamento público.

Dívida Pública e Sustentabilidade Fiscal

O ambiente também é marcado pela alta dívida pública, que limita a capacidade do governo de investir e de responder a crises. A sustentabilidade fiscal é um desafio fundamental para o futuro do país.

Outras Perspectivas

À parte a situação no Brasil, a Chevron anunciou uma expansão relevante de sua atuação em geração de energia elétrica, de olho no avanço acelerado da demanda imposta pelos data centers de inteligência artificial. Em parceria com a GE Vernova e o fundo Engine No. 1, a companhia planeja instalar, até 2027, uma usina no oeste do Texas capaz de fornecer 2,5 gigawatts de energia fora da rede — volume suficiente para abastecer quase dois milhões de residências — com possibilidade de ampliação para 5 gigawatts conforme a demanda evolua.

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