Motta segue avançando com pedidos de destituição de Eduardo Bolsonaro; acompanhe os argumentos
A movimentação se dá após PT e PSOL apresentarem recursos contra o parlamentar, que se encontra nos Estados Unidos desde março deste ano.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), protocolou ao Conselho de Ética quatro pedidos de cassação contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
As análises ficaram suspensas na Mesa Diretora desde o registro, e a movimentação se dá após PT e PSOL apresentarem recursos contra o parlamentar, que se encontra nos Estados Unidos desde março deste ano.
As lideranças que aconselham Motta afirmam que a medida está alinhada com o desejo do presidente da Casa de retomar o controle após a obstrução tumultuada da oposição, na semana passada.
Motta, nesse entendimento, ao estabelecer distância em relação a um deputado da ala mais combativa da oposição, estaria também sinalizando em direção ao centro, buscando “acalmar” a Câmara.
Os partidos incluem, entre as justificativas para solicitar a punição do deputado, condutas consideradas incompatíveis com o decoro parlamentar.
Leia também:

Câmara deve votar projeto de urgência que isenta Imposto de Renda para renda de até R$ 5 mil

Lula enviou carta de convite a Trump para a COP30 e não recebeu resposta, afirma o diretor do evento

Promotoria investiga empresários após denúncia contra prefeito em São Bernardo
Os requerimentos indicam que Eduardo declarou publicamente que busca articular sanções contra autoridades brasileiras durante sua atuação no exterior.
Os recursos alegam que o deputado agiu de forma prejudicial aos interesses do Brasil, mencionando, entre outras ações, o apoio às tarifas de 50% impostas pelo presidente americano Donald Trump e a proposição de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O envio ao colegiado segue o procedimento estabelecido no regimento interno da Câmara. O conselho deverá examinar se há evidências de falta de decoro parlamentar e, se confirmadas, propor ações que variam de advertências até a cassação do mandato. A presidência da comissão é, porventura, exercida por Fábio Schiochet (União-PR), que terá a incumbência de iniciar a análise formal dos processos.
Críticas à atuação
Em entrevista à GloboNews na quinta-feira, Hugo Motta comentou a conduta do deputado fora do país, ressaltando a preocupação com o impacto de suas ações.
O deputado Eduardo Bolsonaro pode estar atuando na defesa da inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro. Considero que se trata de um direito de defesa amplo e que deve ser respeitado, contudo, quando se transforma em uma ação que prejudica o país, afetando empresas e a economia, não considero que seja justificável.
Aproximados do presidente da Câmara reconhecem, em conversas privadas, que ele está sendo orientado a não intervir em favor de Eduardo, permitindo que o deputado acumule faltas até atingir o limite definido pelo regimento interno. De acordo com a norma, parlamentares que ausentam-se de mais de um terço (33%) das sessões sem justificativa formal perdem o mandato automaticamente.
A estimativa aponta que Eduardo poderá atingir essa meta já em outubro, se persistir o padrão atual de faltas. Contudo, não se trata de uma resolução imediata: mesmo que o limite for alcançado, a demissão não seria imediata. O processo contempla que a Secretaria-Geral da Mesa redija um relatório de frequência e o envie à Mesa Diretora, o que poderá ocorrer somente até março do ano seguinte.
O entorno de Motta evita, contudo, considerar o caso como um “recado”, buscando evitar a escalada de tensões com a oposição, e afirma que a medida foi técnica. Garante que não houve intenção de enviar mensagens políticas com a decisão, e que agiu estritamente com base em critérios técnicos, após analisar os pedidos e documentos apresentados. A versão oficial é de que não houve qualquer movimento para constranger o deputado ou seu grupo, mas sim o cumprimento das normas internas da Casa.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, que um dos pedidos de cassação, comentou sobre a decisão: “Não podemos tolerar a continuidade de condutas que atentam contra a soberania”.
Fonte por: InfoMoney