Paciente submete operação para tratamento de depressão grave: qual o mecanismo?
Uma nova cirurgia praticada na América Latina demonstra sua capacidade de amenizar os sintomas da depressão crônica.
A depressão é uma das doenças que mais afetam a população mundial. Seus efeitos podem provocar diversos problemas físicos, juntamente com transtornos mentais e a impossibilidade de ter uma vida de qualidade.
A jovem colombiana Lorena Rodríguez, de 34 anos, submeteu-se a um procedimento cirúrgico inédito para promover a melhora dos sintomas de uma doença mental. A cirurgia foi realizada em abril pelo neurocirurgião colombiano William Contreras, no Hospital Internacional da Colômbia, em Bogotá.
A estimulação cerebral profunda, conhecida como DBS (em inglês), é frequentemente utilizada no diagnóstico da Doença de Parkinson. Contudo, alguns estudos investigam sua eficácia em casos de depressão resistente, e a abordagem empregada por Contreras representou uma novidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) projeta que, até 2030, a depressão será a doença mais prevalente do mundo, superando outras condições de saúde como câncer e doenças cardíacas em número de afetados.
Como ocorre o procedimento cirúrgico no tratamento da depressão crônica?
A avaliação do médico responsável pela cirurgia, que se declarou ao site G1, indica que o procedimento é recomendado para diagnósticos de depressão em que todas as modalidades de tratamento tradicionais apresentaram falhas, como era o caso de Lorena.
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A depressão refratária, também conhecida como resistente ou transtorno depressivo maior, é caracterizada por sintomas crônicos de longa duração que não respondem adequadamente aos tratamentos convencionais, incluindo medicamentos e psicoterapia.
Em situações particulares, podem ser indicados procedimentos mais intensivos, como a eletroconvulsoterapia (ECT), a neuromodulação e o uso de cetamina. Contudo, a cirurgia realizada pelo médico colombiano apresenta uma abordagem distinta.
A DBS envolve a instalação de eletrodos – fios condutores de energia elétrica – em áreas específicas do cérebro. Assim, atua como um “marca-passo” cerebral, promovendo uma estimulação contínua para melhorar a qualidade de vida.
Os motoristas utilizam um neuroestimulador, que transmite impulsos elétricos para modular a atividade dos circuitos cerebrais.
Segundo o Jornal Brasileiro de Neurologia, existem diversos estudos sobre a DBS como tratamento para a depressão resistente, que analisam a estimulação de áreas cerebrais como o córtex cingulado subcaloso (SCC), o feixe prosencefálico medial (MFB), a perna anterior da cápsula interna (vALIC) e o córtex pré-frontal epidural (EpC).
Nos casos de Lorena, os eletrodos foram aplicados em duas áreas:
A abordagem inovadora do médico William Contreras reside no estímulo de múltiplos alvos para o tratamento da depressão resistente.
Resultados da cirurgia para depressão.
Contreras afirmou ao G1 que os resultados de estímulos cerebrais variam, com 40% a 60% dos pacientes apresentando melhora considerável dos sintomas e 20% a 30% dos casos permanecendo sem sinais da doença por longos períodos.
A análise de estudos publicada no Jornal Brasileiro de Neurologia aponta para um perfil de eficácia e segurança promissor no emprego da DPS para depressão crônica, ainda que seja preciso levar em conta as restrições da pesquisa existente.
A maioria dos pacientes exibiu uma melhora entre 40% e 50% dos sintomas ao estimular as diversas regiões cerebrais. Contudo, o baixo número de participantes e a localização geográfica das pesquisas limitam a generalização dos resultados, dificultando a determinação do alvo terapêutico ideal.
Fonte por: InfoMoney