Prefeitura de SP contrata primo de secretário para apresentações em quermesses
Davi Goulart, com 7 ouvintes no Spotify, é contratado pela prefeitura de São Paulo para apresentações; parente de Rodrigo Goulart, titular do Desenvolvimento Ec…

Contratações Misteriosas de um Cantor com Poucos Ouvintes
Um cantor com apenas sete ouvintes mensais no Spotify tem sido contratado repetidamente pela Secretaria de Cultura da prefeitura de São Paulo para realizar apresentações em quermesses. Desde junho de 2023, Davi Goulart já recebeu R$ 880 mil da gestão do então prefeito Ricardo Nunes (MDB), sem a necessidade de licitação. A justificativa sempre foi a de que ele era um artista “consagrado”, e o valor total deve chegar a R$ 930 mil após uma apresentação recente e ainda não paga. A relação entre o cantor e Rodrigo Goulart, secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da prefeitura, é de primo, o que alimenta as suspeitas sobre a origem das contratações.
A “Consagração” Questionável
A documentação que sustenta a contratação de Davi Goulart frequentemente cita o elogio que ele teria recebido do jogador Neymar por uma música gravada em 2013. No entanto, essa informação não é comprovada e levanta dúvidas sobre a real base para a classificação do artista como “consagrado”. Os técnicos da Secretaria de Cultura utilizam trechos do site do artista e pareceres técnicos para justificar os valores dos cachês, que podem chegar a R$ 50 mil por apresentação, mesmo com o artista tendo pouquíssimos ouvintes no Spotify.
Conflitos de Interesse e Contratações Suspeitas
A relação de parentesco entre Davi Goulart e Rodrigo Goulart, além da influência da produtora Fino Tom, que representa o cantor, levantam questões sobre possíveis conflitos de interesse. As contratações são feitas para eventos em quermesses e bares, muitas vezes patrocinados pela família Goulart, que tem forte presença eleitoral na região da Cidade Dutra. A falta de transparência nos processos e a ausência de referências de mercado levantam suspeitas sobre a real necessidade e o valor dos cachês.
Contratações sem Referenciais de Mercado
Ao contrário do que ocorre em outras contratações públicas, a Secretaria de Cultura não utiliza o Portal Nacional de Contratações Públicas para verificar valores de apresentações semelhantes. Em vez disso, a produtora Fino Tom apresenta três contratações recentes de Davi como referência, mesmo que o artista não tenha sido contratado por outros órgãos públicos. Os cachês variam entre R$ 50 mil e R$ 51 mil, e os contratantes são empresas como Farol Musical e Apoio Segurança Privada, sem que haja comprovação de que os valores foram efetivamente pagos.
Conclusão
O caso de Davi Goulart expõe fragilidades nos processos de contratação de artistas públicos, com falta de transparência, ausência de referências de mercado e possíveis conflitos de interesse. A relação entre o cantor, seu primo e a produtora que o representa levantam sérias questões sobre a alocação de recursos públicos e a necessidade de uma maior fiscalização por parte dos órgãos competentes.
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