Promotoria investiga empresários após denúncia contra prefeito em São Bernardo

Dois empresários já estão entre os denunciados nesta primeira acusação formal da Promotoria de Justiça.

19/08/2025 19:06

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A denúncia de corrupção contra o prefeito afastado de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Marcelo Lima (Podemos), principal alvo da Operação Estafeta, não esgota a investigação sobre o desvio de recursos públicos na administração municipal. O Ministério Público de São Paulo e a Polícia Federal agora investigam os contratos da prefeitura para identificar empresários que supostamente financiavam o esquema instalado no governo de Lima.

Dois empresários já estão entre os denunciados nesta primeira acusação formal da Procuradoria-Geral de Justiça: Caio Henrique Pereira Fabbri e Edimilson de Deus Carvalho. Eles foram presos em flagrante com mais de R$ 3 milhões em espécie na Operação Estafeta.

A equipe de investigação acredita que existem mais empresários envolvidos nos desvios.

Na denúncia inicial da Procuradoria, além do prefeito, outros nove indivíduos também são acusados de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

O Estadão tentou contato com as defesas, porém, até a publicação deste texto, sem sucesso.

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A primeira denúncia se baseia em provas descobertas em julho no apartamento de Paulo Iran Paulino Costa, apontado como operador de propinas ao prefeito. Além de R$ 14 milhões em dinheiro vivo, o local continha anotações sobre pagamentos de despesas pessoais de Marcelo Lima e de familiares dele, e documentos que comprovavam as transações. Em dois celulares apreendidos no “bunker” do operador foram encontradas dezenas de mensagens sobre o esquema.

Os documentos e diálogos foram utilizados para sustentar a Operação Estafeta, iniciada na semana passada, que resultou no afastamento de Marcelo Lima do cargo, e agora também embasam as acusações contra o prefeito e seus associados.

Com investigados sob custódia, a Promotoria precisou agilizar a denúncia. O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, avaliou que as provas coletadas com Paulo Iran, antes mesmo da fase investigativa propriamente dita, são suficientes para sustentar as acusações.

A equipe investigativa examina documentos e telefones celulares coletados na Operação Estafeta para aprofundar a inquérito. Esse material não foi utilizado na denúncia. Os principais objetivos atuais são reconstruir a rota do dinheiro desviado e identificar outros participantes do esquema.

As investigações seguem para a completa revelação dos recursos ilícitos operados pelo grupo, bem como para a descrição de todo o fluxo de valores obtidos ilegalmente pelos principais atores políticos financiados pelo Núcleo Empresarial.

A acusação ministerial aponta que os resultados parciais da Operação Estafeta, com a apreensão de valores substanciais em dinheiro, revelaram “novos elementos de convicção” que confirmam as suspeitas iniciais e “demonstram o amplo uso de recursos financeiros em dinheiro pelos envolvidos”.

Marcelo Lima é apontado na denúncia como figura central de uma organização criminosa destinada a desviar recursos da prefeitura de São Bernardo. O Ministério Público afirma que ele possui papel de influência direta sobre as movimentações financeiras ilícitas, emerge como o líder e articulador principal do esquema e tem domínio finalístico sobre o fluxo de recursos.

O promotor de justiça Marcelo Lima não era um simples receptor de vantagens. As evidências mostram que ele estava envolvido ativamente na condução do esquema, estabelecendo as normas e a ordem dos recursos.

Diversos contratos de áreas como saúde, obras e coleta de lixo teriam sido desviados, conforme a acusação. “A menção explícita de percentuais sobre cada contrato, conforme relatado pelos interlocutores nas conversas, indica um esquema consolidado e uma clara violação da legalidade”, afirma o procurador-geral.

Ademais da condenação, o Ministério Público solicita ao Tribunal de Justiça de São Paulo a perda total dos mandatos de Marcelo Lima e do vereador Danilo Lima, que estava afastado da Câmara de São Bernardo.

A acusação solicitou a remoção do cargo público de servidores envolvidos em atos de corrupção e o retorno de R$ 16,9 milhões para o município.

Fonte por: InfoMoney

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