Relator da CPI do INSS afirma que a maioria votará sobre a convocação do irmão de Lula

Ricardo Ayres afirma ter condução independente e critica o governo federal e Eduardo Bolsonaro.

19/08/2025 15:35

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O relator da CPI do INSS, deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), declarou que manterá uma abordagem equilibrada na condução dos trabalhos, sem favorecer nenhuma das partes. Em entrevista ao GLOBO, o parlamentar indicou que as convocações abrangerão “todo mundo” e não exclui a possibilidade de que o irmão do presidente Lula, José Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Frei Chico, seja ouvido pelo Congresso.

O frei Chico ocupa a vice-presidência do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das organizações mencionadas em relação ao esquema de desvio de recursos de aposentadorias por meio de deduções incorretas em seus valores.

Ele é aliado do presidente da Câmara, Hugo Motta, que solicitou que assumisse a relatoria. Ele forneceu alguma orientação sobre como conduzir o trabalho?

Solicitou-se que eu realizasse o trabalho com responsabilidade e equilíbrio, em conjunto com o presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM). Não houve nenhuma orientação além disso.

Já tramita em vara judicial uma instrução processual. Qual a diferença que a CPI pode apresentar?

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Com base na Operação Desconto e na auditoria da CGU, não estamos limitados a elas. Podemos avançar, apresentar novas evidências e até mesmo questionar as falhas nessas investigações. Além disso, é importante analisar as operações de crédito consignado. Inicialmente, ouviremos órgãos técnicos como a CGU e o INSS para compreender os mecanismos da fraude.

Você tem a intenção de ouvir o irmão do Lula como testemunha?

A comissão parlamentar de inquérito é colegiada, e a maioria determinará quem será convocado. Quem for mencionado, certamente será chamado para prestar esclarecimentos. Contudo, não devemos pré-julgar ninguém. Aguardamos a instalação da CPI para definir o plano de trabalho, mas todos serão convocados.

A comissão parlamentar surge em cenário de intensa polarização, com o governo e a oposição trocando acusações sobre a responsabilidade. Como proceder diante disso?

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Realmente, ambas as partes possuem alguma justificativa. Desde 2019, observou-se um aumento nos descontos irregulares, acompanhado pela falta de mecanismos de controle. Nosso objetivo não é investigar indivíduos, mas sim analisar os fatos. E os fatos podem indicar pessoas, independentemente do partido ou do governo. Existe um esquema criminoso contra os mais vulneráveis, e não podemos proteger ninguém.

Desde que foi indicado como relator, ele já recebeu alguma pressão?

Não. Até o momento, apenas manifestações isoladas em redes sociais. Nada que comprometa minha independência.

A oposição tem questionado minha decisão, alegando que não houve diálogo com Motta. Qual sua avaliação dessa atitude?

Já conversei com a senadora Damares (Alves), do Republicanos, uma das autoras do requerimento de criação da CPI, e vou procurar a deputada Coronel Fernanda (PL-MT), também autora. Estou aberto a dialogar com todos. Todos que chegaram aqui têm legitimidade e serão respeitados.

Você se vê como governo ou oposição?

Sou independente e me orgulho de ser filiado ao Republicanos, atuando com equilíbrio. Já votei contra o governo em determinadas questões, incluindo IOF e licenciamento ambiental, mas também votei contra a direita em temas como o marco temporal. Mantenho relação institucional com o governo federal para atender o meu estado, Tocantins, porém não sou parte da base governamental.

Qual sua avaliação do governo Lula nesta terceira gestão?

Considero que não atingiu o esperado. Poderia ter feito mais. As circunstâncias econômicas e o agravamento ideológico dificultam, mas não justificam tudo. A Câmara tem aprovado as principais propostas do governo, incluindo a reforma tributária e o pacote fiscal. Dessa forma, não se sustenta a alegação de que o Congresso é contrário ao governo.

Como avalia a atitude de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos?

É inaceitável, sem histórico. Apoio a liberdade de expressão, contudo existem restrições: a proteção da democracia, da República e do patriotismo genuíno. Usar a bandeira de outro país em detrimento dos interesses nacionais excede essa fronteira.

Como avalia a prisão do ex-presidente Bolsonaro?

Trata-se de uma questão do Judiciário. Considero que houve excessos em algumas penas. Isso pode ser sanado por alterações no Código Penal, porém não compete à Câmara julgar.

Os Republicanos deverão apoiar Lula em 2026?

É uma decisão do partido. Atualmente, o principal nome do Republicanos é o governador Tarcísio de Freitas, que administra o estado de forma notável. A questão reside em se ele desistirá da disputa pela reeleição em São Paulo para concorrer à Presidência, o que representa um grande desafio. Ainda é cedo para determinar.

Fonte por: InfoMoney

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