Setores ligados a Bolsonaro buscam o governo Lula após o aumento nas tarifas
Representantes dos setores de armas, agricultura e supermercados, próximos ao ex-presidente e com apoio a Trump, procuram estabelecer diálogo com a admi…
Entidades e empresários ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que apoiaram a retomada de Donald Trump à Casa Branca, buscam agora uma aproximação com o governo Lula. O movimento inclui setores como o de armas e o de supermercados, que, em razão de prejuízos significativos e da ameaça de perda de mercados, têm procurado integrantes da gestão petista, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, para discutir soluções e amenizar os impactos da tarifação. No agronegócio, a taxa representou uma mudança de orientação.
A estratégia foi impulsionada por empresas como a Taurus (TASA4), uma das maiores fabricantes de armas e munições do país. Conectado a Bolsonaro, o CEO global da companhia, Salesio Nuhs, comemorou no início do ano a posse de Trump. Ele projetou em fevereiro que a projeção de crescimento do setor havia saído de 2% para 25% com a troca presidencial. Com a taxação, a situação mudou.
No dia seguinte à aplicação das tarifas, as ações da Taurus registraram queda de 7%, gerando perda de mais de R$ 33 milhões em valor de mercado. Em resposta, representantes da empresa buscaram Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Salesio afirmou em teleconferência para investidores na semana passada que se reuniu com o vice-presidente da República para enfatizar a relevância estratégica da empresa. A autonomia do Brasil estaria comprometida, e o ministro da Defesa o acompanhou nessa discussão.
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A empresa, inclusive, considerou transferir a linha de produção principal para o território americano, onde cerca de 90% da produção é vendida. O diretor executivo declarou que a companhia mantém conversas com a embaixada americana, além das equipes do vice-presidente JD Vance e do governador Brian Kemp, da Geórgia, onde está localizada a filial da Taurus.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem incentivado a transferência de empresas brasileiras para o país, articulando nos EUA sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e outras autoridades brasileiras.
Plano emergencial
A preocupação com a tarifização também movimentou o setor de supermercados, que mantinha interlocução com Bolsonaro. Na semana passada, representantes da área apresentaram ao governo um “plano emergencial” que incluía a proposição de incentivo ao crédito – pedido, em parte, atendido pelo pacote de socorro anunciado pelo governo. O plano foi lançado em um fórum que contou com Alckmin.
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, viajou para os Estados Unidos para a posse de Trump. “Vivi um momento histórico marcado por promessas de transformação e impacto global”, escreveu no Instagram na época.
As novas tarifas também representaram um impasse para a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que no passado demonstrou alinhamento com Bolsonaro. Na campanha de 2022, a entidade recebeu o então presidente e seu candidato a vice, Walter Braga Netto, na abertura do Encontro Nacional do Agro. O presidente da associação, João Martins, declarou na ocasião que não haveria espaço no país para “um candidato que foi processado e preso como ladrão”, em referência a Lula.
Com a tarifação, a confederação estimou uma perda de 5,8 bilhões de dólares em exportações do agronegócio para o mercado americano. No mês passado, a entidade afirmou em nota que “a política nacional insiste em girar em torno de uma pauta estéril, paralisante, marcada por radicalismos ideológicos”.
Fonte por: InfoMoney