Zelenski reconhece, pela primeira vez, a possibilidade de ceder territórios para finalizar o conflito
Após cúpula entre Trump e Putin, presidente ucraniano indica primeira flexibilização em posição sobre cessão de território.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, declarou no domingo (17) que as negociações com a Rússia para o encerramento da guerra podem iniciar-se na linha de frente existente, indicando, pela primeira vez, que uma porção do território ucraniano sob ocupação poderia ser utilizada como contrapartida para um acordo de paz.
“Precisamos de negociações reais, o que significa que podemos começar por onde está a linha de frente agora”, declarou Zelensky, após encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas.
A declaração representa uma mudança significativa na posição ucraniana, que até então se mostrava inflexível em relação à recuperação integral dos territórios invadidos e ilegalmente anexados por Moscou.
A flexibilização ocorre dois dias após a cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin, realizada no Alasca, terminar sem acordo de cessar-fogo, mas com indicações do ex-presidente dos EUA de que um pacto poderia envolver cessões territoriais.
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Pressão por acordo e isolamento estratégico.
Zelensky viajou à sede da União Europeia em uma tentativa de reestruturar o apoio ocidental à Ucrânia, considerando o aumento da sensação de isolamento político, sobretudo após Trump adotar uma postura mais flexível em relação às exigências do Kremlin.
O ex-presidente dos Estados Unidos e atual chefe de governo tem se referido a um “acordo de paz permanente” e não a um cessar-fogo temporário, condição mais próxima da narrativa russa. Trump tem defendido abertamente que um pacto de fim da guerra poderia envolver trocas territoriais, hipótese que agrada ao Kremlin.
Trocas potenciais no mapa
A Rússia controla aproximadamente 400 km² em áreas recém-ocupadas nas regiões de Sumi e Kharkiv, no norte da Ucrânia, além de grande parte das províncias de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson, além da Crimeia, anexada em 2014 e considerada inegociável por Moscou.
Donetsk permanece parcialmente sob domínio ucraniano — com cerca de 6.600 km² ainda controlados por Kiev — porém tem enfrentado avanços russos nos últimos meses, com riscos a cidades estratégicas.
De acordo com especialistas militares, um cenário possível poderia incluir a cessão da região de Donetsk à Rússia em troca do retorno de áreas circundantes de Sumi e Kharkiv, consideradas de pouco valor estratégico para Moscou.
Lugansk já está sob total controle russo, e Zaporíjia e Kherson poderiam ser parcialmente divididas ou “congeladas” no estado atual, consolidando uma nova fronteira de fato.
Zelensky declara pausa, não rendição.
Apesar do tom cauteloso, Zelensky insistiu na necessidade de uma interrupção no conflito como fase antecedente a um acordo duradouro. O presidente ucraniano preferiu não mencionar formalmente a cessação definitiva, porém, o reconhecimento da linha de frente como ponto de negociação já constitui uma alteração significativa na postura ucraniana.
A atenção se concentra na chegada de Zelensky e von der Leyen a Washington na segunda-feira (18), onde os chefes europeus buscam convergência de posições com Trump, buscando evitar um acordo bilateral entre EUA e Rússia que fragiliza ainda mais a posição de Kiev.
Fonte por: InfoMoney