Zelensky pode contar com Trump? O futuro da Ucrânia pode depender disso

A dúvida sobre a confiabilidade de Trump se refere ao seu histórico de posições variáveis e à sua postura instável em relação à Ucrânia.

19/08/2025 8:25

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Para o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, é crucial determinar o quanto ele pode confiar no presidente Donald Trump.

Na segunda-feira (18), Trump propôs apenas garantias genéricas de que os Estados Unidos manteriam um papel na garantia da segurança da Ucrânia, caso Zelensky concordasse com Vladimir Putin para finalizar a guerra.

“Vamos garantir que funcione”, declarou Trump no início de uma reunião de várias horas com Zelensky e uma delegação de líderes europeus na Casa Branca. “E acredito que, se alcançarmos a paz, isso funcionará. Não tenho dúvidas.”

O encontro finalizou com avaliações positivas dos europeus e alguns avanços em direção a uma reunião entre Zelensky e Putin, em local ainda a ser definido. Contudo, a questão sobre em que medida Trump pode ser confiável remete ao histórico de posições mutáveis e sentimentos voláteis do presidente americano em relação à Ucrânia e a outras crises diplomáticas, sobretudo em negociações de alto risco.

É uma aposta arriscada para Zelensky, que já enfrenta uma guerra iniciada pela Rússia há mais de três anos e meio.

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Eles não demonstram interesse apenas em promessas desse tipo. Não se interessam em ouvir o presidente Trump dizer “Pode contar comigo”, afirmou William B. Taylor Jr., ex-embaixador dos EUA na Ucrânia. “Não aceitarão uma simples garantia política. Isso não oferece a segurança de que necessitam.”

Mudanças de posição

Após a reunião, Zelensky declarou que a conversa sobre garantias de segurança contemplou a compra de 90 bilhões de dólares em armas americanas através da Europa e também a aquisição de drones ucranianos pelos Estados Unidos. Ele afirmou que ainda há necessidade de assinar um acordo formal.

Ainda assim, o próprio Trump mencionar garantias já representou uma alteração em relação à sua postura anterior, que era de que a defesa da Ucrânia deveria ser exclusivamente responsabilidade dos europeus.

Não se tratou da única mudança recente. Anteriormente, Trump havia advertido Putin sobre “consequências severas” se este não aceitasse um cessar-fogo imediato – exigência de Kiev antes de iniciar qualquer negociação por uma paz duradoura.

Após o encontro com Putin na sexta-feira, no Alasca, Trump passou a defender a posição do líder russo: negociar um acordo de paz abrangente sem cessar-fogo imediato.

No fim de semana, ele transferiu a pressão para Zelensky, alegando que o líder ucraniano poderia finalizar a guerra “de forma quase imediata, se desejasse, ou prosseguir com os combates.

Apoio europeu, porém incerteza nos Estados Unidos.

Os assessores de Trump consideraram tanto o encontro com Putin quanto as reuniões de segunda-feira na Casa Branca como passos cruciais em direção à paz. Líderes europeus também elogiaram os esforços do presidente americano em reunir os dois lados à mesa, mesmo com a falta de detalhes concretos sobre qualquer proposta.

“Estou realmente animado”, declarou Mark Rutte, secretário-geral da OTAN, a Trump durante a parte televisada da reunião. “O fato de o senhor estar disposto a participar das garantias de segurança é um grande passo. É realmente um avanço.”

Todavia, persiste incerteza quanto ao nível de participação dos Estados Unidos.

Daniel Fried, ex-embaixador dos EUA na Polônia, indicou que uma possibilidade seria os países europeus se comprometerem a fornecer equipamentos militares na Ucrânia em eventual nova agressão russa, ao mesmo tempo em que Trump apoiaria com recursos de defesa os países vizinhos.

“Não acredito que Zelensky vá se contentar com uma promessa verbal”, disse Fried. “Se ele ouvir de Trump que o compromisso é importante, vai querer saber quais são os mecanismos.”

Registro de compromissos voláteis.

A desconfiança não se limita ao dossiê ucraniano. Trump já forneceu razões para que líderes mundiais questionem suas promessas.

Na segunda-feira, Trump reconheceu que o conflito na Ucrânia é mais complexo do que havia antecipado.

“Pensava que seria um dos mais fáceis”, declarou. “Na realidade, é um dos mais difíceis e muito complexos.”

Fonte por: InfoMoney

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