Reunião entre Haddad e Bessent não prossegue, com o objetivo de explorar novas oportunidades
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Besent, realizarão uma discussão virtual sobre a alta taxa de tarifas.
Não se verificou previsão de avanços substanciais no diálogo entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que estava agendado para quarta-feira (13). Contudo, especialistas consultados pelo InfoMoney acreditavam que o contato telefônico poderia representar um primeiro passo para uma discussão presencial e que possibilitaria a retomada do diálogo com os Estados Unidos, que havia sido interrompido.
Haddad afirma que reunião com EUA sobre tarifas foi cancelada por interferência política.
Para Otaviano Canuto, ex-vice-presidente no Banco Mundial e diretor executivo no FMI, e atualmente pesquisador do Policy Center for the New South e do Brookings Institution, a reunião não deveria produzir resultados imediatos, porém poderia possibilitar a criação de uma nova agenda de negociação.
Ele afirmou não prever grandes resultados rápidos, principalmente porque Bessent provavelmente argumentaria que a agenda política comercial é definida pela Casa Branca. No entanto, poderia surgir uma possível agenda de negociação distinta daquela que Trump explicitamente apresentou.
Setores cobram progresso.
Em julho, Donald Trump, presidente dos EUA, sancionou uma ordem que estabeleceu tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil, com uma exceção de quase 700 itens. Contudo, segmentos exportadores brasileiros relevantes, incluindo os de café, frutas e carnes, não foram incluídos. Esses setores buscam que o governo e seus equivalentes nos Estados Unidos alcancem um acordo com tarifas específicas.
Leia também:

Executivo afirma que o Brasil possui uma demanda inexplorada por infraestrutura relacionada a criptoativos e câmbio

A 99 processa Keeta por alegada violação de registro de marca e práticas de concorrência desleal

Arm nomeia diretor de chips de IA da Amazon para apoiar iniciativas internas
Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), esperava que a declaração de Haddad e Bessent avançasse para uma negociação em que o café fosse incluído na lista de isenções.
A relação bilateral é a base para que diversos outros produtos, incluindo o café, tenham condições similares às de outros países. Essa negociação é o alicerce para a ampliação da lista de exceções, por isso é tão importante estabelecer o diálogo e um ambiente para a negociação bilateral com foco na economia e no senso de urgência. Nossa expectativa é que o café possa ser incluído em uma lista de isenções.
O Brasil é o maior produtor mundial de café e o único país apto a suprir a demanda crescente dos Estados Unidos, conforme a Cecafé.
A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel considera a taxa de 50% como uma “flagrante desvantagem competitiva” para o Brasil.
O diretor executivo da Abics, Aguinaldo Lima, afirma que, ao contrário do México, que poderá comercializar sem tarifas, o café solúvel brasileiro será o mais penalizado, considerando que outros fornecedores enfrentem taxas de 10% a 27%.
A conversa não constava da pauta oficial.
O diálogo entre os dois representantes dos governos não constava da agenda oficial do ministro, publicada no site do Ministério da Fazenda. Anteriormente, a reportagem solicitou informações sobre o encontro à pasta, mas não obteve resposta até o começo da tarde. Contudo, na semana passada, Haddad afirmou ter recebido um e-mail dos norte-americanos que confirmava o dia e a hora.
“Tenho uma reunião marcada para a semana que vem, agora com data e hora definidos, com o secretário Scott Bessent. Será na quarta-feira. Já recebemos o e-mail confirmando o dia e a hora”, disse Haddad. “[A reunião será] remota, obviamente que, a depender da qualidade da conversa, ela pode se desdobrar em uma reunião de trabalho presencial, aí com os ânimos já orientados no sentido de um entendimento entre os dois países”, disse Haddad na semana passada.
Fonte por: InfoMoney